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15/07/2007 - 12h33

Ana Flávia chega à prata do BMX treinando apenas 1h30 por dia

Bruno Doro
Enviado especial do UOL
No Rio de Janeiro

A paulista Ana Flávia Sgobin conquistou a medalha de prata no BMX do Pan do Rio com muito pouco treino. Dividida entre o trabalho e a faculdade, ela teve apenas 1h30 por dia para treinamento, espremidos entre duas atividades.

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Com trabalho e faculdade, Ana Flávia treinou apenas 1h30 por dia para o Pan
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"Trabalho no escritório de contabilidade do meu pai das 7 às 16h. Às 16h30, começo a treinar e às 18h30 eu já tenho de ir para a faculdade", explica a atleta, que chorou ao falar de suas dificuldades no esporte.

Ela abandonou o BMX em 2006, quando precisou assumir o escritório do pai, Félix. "Na época, o escritório perdeu um alto funcionário e ela estava com dificuldades para conseguir emprego. Como não podia se manter sem o esporte, teve parar de competir", explica o marido, Gustavo Oliveira.

Para assumir completamente as funções, Ana Flávia ainda teve de entrar em uma faculdade de ciências contábeis. "No ano passado, precisei dar esse passo, com a faculdade. Mas mesmo em uma empresa familiar, não tenho nenhum privilégio. Tenho muitos problemas para treinar", conta.

A volta ao esporte só aconteceu no final do ano, quando decidiu participar de uma etapa do Campeonato Paulista para reencontrar os amigos. Na oportunidade, fez contato com uma equipe de Cosmópolis, que em seguida a convidou para integrar seu quadro de ciclistas e passou a dar o apoio que a paulista precisava.

"Apostaram que eu poderia chegar ao Pan-Americano, mas o tempo era muito curto. Eu tinha só dois meses para conseguir a vaga quando voltei a competir. E só com 1h30 todo dia, foi um desafio enorme que eu só consegui com o apoio da minha equipe e da minha família".

Após a medalha, a situação não deve mudar muito. "Como disse, só retornei por causa da equipe. Sem eles, não teria voltado. Quero me dedicar mais, mas vou ter que continuar trabalhando o dia todo ainda", avisa.

O esforço surpreendeu a campeã pan-americana, a argentina Gabriela Diaz. "Eu já conhecia a Ana Flávia, mas como ela não estava competindo, fiquei surpresa em vê-la tão forte", elogiou a argentina.