UOL Esporte - Pan 2007
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14/07/2007 - 10h34

Sede múltipla, Riocentro se torna a Babel do Pan

Bruno Doro e Fernanda Brambilla
Enviados especiais do UOL
No Rio de Janeiro

Na Bíblia, Babel é a cidade de habitantes que falam as mais diferentes línguas, sem nunca se entender. No Pan-Americano do Rio de Janeiro, este posto pertence ao Riocentro.

Principal centro de convenções da cidade, o local foi totalmente reformado para receber 11 esportes diferentes. Em três pavilhões, foram construídas seis arenas, para que modalidades similares, como o judô, as lutas e o taekwondo, por exemplo, usem as mesmas instalações.

Apesar da proximidade, contato entre as diferentes modalidades é algo raro. Em um dia, por exemplo, atletas do badminton treinavam no pavilhão 4 B, enquanto lutadores de taekwondo estavam no 4 A. Apenas uma portinha acanhada separava os dois.

"Eu não sei quem está aqui do lado. Já vi muita gente na Vila, mas aqui no Riocentro não dá tempo", diz Valdirene Gonçalves, da categoria até 49 kg. "Isso é uma pena, porque, além de tudo, estamos saindo da vila assim que lutarmos, não vai dar tempo de ver outras competições", conta a mineira.

O handebol vive o mesmo caso. Favorito ao ouro, mas com uma grande rivalidade com a Argentina, os jogadores evitam dividir a cabeça com distrações. "Eu nem sei se a gente tem acesso aos outros pavilhões", diz Bruno Santanna. "Se você disser que tem taekwondo acontecendo aqui do lado, eu acredito. Mas eu não encontrei ninguém", brinca o supervisor Adílson Velloso Júnior.

O handebol divide a arena, para 2745 pessoas, com o futsal. O tamanho, desagradou a jogadores como Falcão, considerado um dos melhores do mundo no futebol de salão, que considerou o ginásio pequeno. O pavilhão 3 ainda terá a esgrima e as ginásticas rítimica e de trampolim, com arquibancadas para 1033 espectadores.

O pavilhão 2 é do boxe, para 734 pessoas, e do levantamento de peso, para 446. O mais agitado é o pavilhão 4, com judô e lutas (para 3.101 pessoas) e taekwondo (3.085) no pavilhão A e badminton e tênis de mesa, para 1.462 pessoas, no B.

Cérebro do Pan

O Riocentro, além de abrigar 11 modalidades, ainda é o centro nervoso do Pan-Americano, já que abriga o centro de imprensa e a base da emissora oficial dos Jogos. O local também está envolto em polêmicas.

Orçada em R$ 68 milhões, a adaptação do centro de convenções em complexo esportivo está a cargo da GL Events, empresa francesa envolvida nos Jogos Olímpicos de Sydney e Atenas. A empresa ganhou a concessão do Riocentro por 50 anos, em troca das obras. O processo de privatização foi cheio de problemas e é alvo de CPI no Rio de Janeiro.