UOL Esporte - Pan 2007
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13/07/2007 - 13h28

No centro do Rio, protesto contra o Pan antecipa abertura

Rodrigo Bertolotto
Enviado especial do UOL
No Rio de Janeiro*

O mascote Cauê virou Caô (mentira na gíria carioca), e o Pan se transformou em Pandemônio. Um protesto contra os gastos no Pan e a política de segurança às vésperas dos Jogos foi promovido na frente do prédio da Prefeitura carioca, nesta sexta, dia da festa de abertura da competição.

CENAS DO PROTESTO NO RIO
Rodrigo Bertolotto/UOL Esporte
Mulher mostra a camiseta com o mascote Cauê, que virou Caô, e o Pandemônio
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Manifestantes protestaram contra os Jogos e pediram verbas para saúde e educação
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Cauê, armado de fuzil, ao lado do caveirão, veículo usado pela polícia nas favelas
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Apesar da polícia fazer uma prontidão com viaturas e tropa de choque para que o ato se concentrasse só no centro do Rio, os manifestantes chegaram ao Maracanã por volta das 15h30 com gritos de ordem: "Para rico, Pan é esporte. Para pobre, porrada e morte".

Por lá, uma das barracas vendia por R$ 10 camisetas com o desenho de Cauê com fuzil na mão e acompanhado de um caveirão, veículo blindado usado pela polícia nas invasões de favelas, como aconteceu no Complexo do Alemão, com 19 mortes há 10 dias.

"Já fizemos umas 100 camisetas, e elas estão saindo como água", disse Maurício Campos, que faz parte do Rede de Comunidades Contra a Violência, uma das entidades presentes na manifestação -estavam presentes partidos de esquerda (como PSTU, PSOL e PCB), sindicatos, movimentos como sem-terra e sem-teto e alguns punks.

Também havia representantes dos moradores do Complexo do Alemão, denunciando morte de inocentes durante a ocupação policial do conjunto de favelas próxima à Linha Amarela, um dos principais eixos de transporte do Rio e do Pan-Americano.

Campos levou suas faixas contra o Pan até Rostock (Alemanha), onde aconteceu no mês passado uma reunião do G-8, os países mais ricos do mundo. Outra camiseta que ele vendia mandava a seguinte mensagem: "Pan da higenização social, das remoções, da especulação imobiliária e da lavagem de dinheiro".

As faixas denunciavam os gastos excessivo com o evento. "Kauê mata nos hospitais sem atendimento", "O povo precisa de pão, não de Pan", "Para o Pan, bilhões; para os trabalhadores, tiros, remoções e retirada de direitos" foram alguns dos dizeres no protesto.

As palavras de ordem se misturavam com cartazes de greve, contra o FMI, de "fora Bush do Iraque, fora Lula do Haiti", "Viva Zapata" e as tradicionais camiseas de Che Guevara.

O centro do Rio se transformou em foco de protestos contra o Pan. Faixas contra o evento estiveram em ocupação de prédio por grupo sem-teto, e também em protesto de camelôs. As autoridades não querem manifestações durante o Pan para evitar mais problemas de trânsito do que já se verifica com as faixas exclusivas para veículos da "família Pan" - calcula-se que os congestionamentos aumentem em 20% durante os Jogos.

atualizado às 15h55