UOL Esporte - Pan 2007
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09/07/2007 - 17h41

Badminton brasileiro se contenta com seus 15 minutos de fama

Bruno Doro
Enviado Especial do UOL
No Rio de Janeiro

Sabe aquele atleta que entra em uma competição, vai bem, ganha os holofotes, mas desaparece rapidamente? O fenômeno é comum nos Jogos Pan-Americanos. Os atletas do badminton brasileiro são candidatos a um papel assim. E não se importam com o lado transitório da fama.

"Somos carentes de atenção. Quando a gente fala que joga badminton, as pessoas falam 'bad o que?' Até ligar o nome ao esporte, da peteca com raquete, demora. O Pan é essencial para que o pessoal passe a conhecer o esporte. Mas popularização é outra história. O Pan vai ser importante para que o nome não soe mais tão estranho", diz o atleta Guilherme Pardo.

"Mesmo que a gente traga a medalha, é difícil ter o reconhecimento nacional. A gente tem exemplos de outros esportes. O squash, por exemplo, ganhou medalha no Pan passado e os atletas continuam completamente desconhecidos. Então a gente não tem muito essa ilusão, não. A gente espera aproveitar bastante o momento, o agora, mas fazer crescer o esporte aos poucos", completa o treinador da equipe Luiz França.

Essa preocupação em se fazer notar não é injustificada. Nem mesmo o site de venda de ingressos para os Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro colabora. O nome da modalidade está grafado como badmington, com um g que não é mais usado.

Além disso, apesar de contar com uma arena para menos de 1500 pessoa (1462, exatamente), o badminton não tem nenhum evento com ingressos esgotados até hoje. E olha que, segundo o paulista Guilherme Kumasaka, uma das esperanças de medalha do time brasileiro, o Rio de Janeiro é um dos pólos da modalidade por aqui.

"O Rio de Janeiro é uma das cidades com o maior número de praticantes do badminton, então talvez o público seja recheado. Fora os amigos, o pessoal de São Paulo, que é próximo e certamente virão assistir", analisa Kumasaka. "Mas não dá para negar que o esporte é um dos menos populares. Quanto mais gente vier assistir, melhor, para o nosso reconhecimento", completa.

A arena do esporte foi montada no pavilhão 3B do Riocentro e foi montada sob especificações rigorosas dos atletas. As cores dos Jogos, normalmente claras, no badminton tendem ao azul escuro. "Assim, o vôo da peteca é sempre visível", explica Pardo.

O time nunca jogou, no Brasil, em um ginásio tão grande. Apesar da expectativa de público não ser tão grande quanto outras modalidades do Riocentro, se as arquibancadas estiverem parcialmente lotadas já será uma novidade.

"No Brasil, os ginásios normalmente não lotam para nós", admite Pardo. "Vai ser uma experiência diferente. Espero que a torcida jogue a favor. Com o ginásio lotado, botando pressão nos adversários. Já vi jogador perder partidas por causa da torcida", espera o técnico França.