UOL Esporte - Pan 2007
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06/07/2007 - 09h30

Em noite das musas, softbol tenta incluir as "esquecidas"

Antoine Morel
Em São Paulo

Em uma ação relâmpago, feita em menos de dois meses, o time de softbol brasileiro passou de um patinho feio do Pan ao um rol de musas e belas atletas. Na noite da última quarta-feira, as meninas se apresentaram para a imprensa e para os patrocinadores que compareceram ao lançamento do catálogo oficial das fotos em um bar numa das zonas mais chiques de São Paulo.

Nem todas ganharam os flahes e as atenções. Dez das 17 atletas não posaram para a publicação. Mesmo assim, foram incluídas no rol de musas pela Confederação Brasileia de Beisebol e Softbol. Foi o que Jorge Otsuka, presidente da organização, quis passar no seu pequeno discurso de apoio ao esporte.

"Tenho certeza que agora essas meninas [olhando para elas atrás] serão reconhecidas na Vila Pan-Americana como as mais bonitas. Mas, lembrando, por mais que lindas, são atletas".

AS MUSAS E O TIME
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As quatro da dir. para a esq. posaram para as fotos sensuais. O restante ficou de fora
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Excluídas do álbum curtem a festa. Cinthia, de vermelho é a mais alta do time
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Enquanto isso a musa Cynthia Takahashi era a mais visada pelos flashes das fotos
VEJA AS FOTOS DO ENSAIO
MUSAS SÃO ESFORÇADAS
Os comentários da festa ratificaram a fala do dirigente. Pelo que se viu, o rótulo de musas se sobressairá sobre qualquer resultado esportivo do Pan. Mas nem todas podem esbanjar da fama. Aliás, a minoria. As sete das 17 atletas foram escolhidas a dedo pelo fotógrafo que deu a idéia à Confederação. "Ah, faz bem para o ego, né", dizia Cynthia Takahashi, eleita uma das mais bonitas na festa.

O ego das 10 restantes poderia ter ficado pequeno com tanta badalação em cima da seleção das beldades. Mas não ficou. Separadas de Cynthia, Patrícia, Simones, Marcinha - algumas das que posaram -, as "excluídas", que conversavam no meio do bar, se produziram com maquiagem e vestidos longos da mesma forma das musas.

"Não fiquei sabendo do álbum. Só fui saber depois. Só me convidaram para a parte do áudio do dvd", disse Cinthia Kudo, arremessadora da seleção e homônima da estrela do evento. De vestido vermelho e com o rosto todo maquiado, Cinthia destoava por ser a mais alta da turma. O discurso, entretanto, era o mesmo das amigas que não posaram.

"O fotógrafo que escolheu as meninas. A gente tirou foto, mas não no estúdio assim", explicou Kátia Abe, defensora interna da equipe. "Acho que a idéia é muito boa. Elas são atletas e são bonitas. Acho que vai ajudar a gente", completou.

O patrocínio e a esperança de divulgar o esporte para não deixá-lo sem praticantes no País era a palavra de ordem das 15 meninas que compareceram no bar. As duas ausentes foram as que moram no Japão. Elas sequer chegaram a aparecer no catálogo final com uma fotinha. A explicação: não foi possível achá-las.

A rigidez da colônia japonesa foi outro motivo explicado para uma das meninas não posar. "Meu pai não ia deixar. Eu também não gostaria. Na minha opinião, eu não faria [as fotos sensuais]. O esporte tem que mostrar mais o atleta, sabe? Mostrar como é o dia-a-dia do jogo", enfatizou Camila Ariki.

Na noite da apresentação, não houve discórdias. Todas aplaudiram todas. Independente de serem musas ou não, tudo era feito para chamar a atenção do desconhecido esporte praticado por descendentes japoneses.

Na hora da foto de todas juntas era nítido que houve separação, involuntária ou não, das musas e das excluídas. Vistas do público, as da direita eram as musas. As da esquerda, não. Mesmo assim, mais uma vez, nenhum questionamento foi feito.

Todas em um círculo, o grupo do "não fui chamada" não perdia o rebolado. Maria Elisa afirmou: "o que é bonito é para se mostrar, elas estão certas". Mas vocês não são bonitas? - foi a réplica imediata da reportagem. "Sim, somos, claro", responderam em coro. "Mas estamos bem representadas", falou Mariana Abe.

O clima de amizade de todas era realmente visível. Por mais segregadas dos flashes e entrevistas, não houve quem se sentisse ofendida. Mesmo que o comentário da festa era em cima da beleza das parceiras de equipe.

A defensora Nilze Higa, que também não fora eleita, ignorou os comentários e entoou a conclusão da iniciativa. "A gente quer divulgar o esporte e quer buscar um patrocínio. No Brasil, uma forma de divulgar o esporte é assim mesmo: mostrar a beleza das atletas".