O Co-Rio (Comitê Organizador do Pan-Americano do Rio) deve mudar os carpetes das plataformas de saltos ornamentais do Parque Aquático Maria Lenk. As alterações devem ocorrer neste sábado antes de evento-teste no domingo, depois de críticas da atleta Juliana Veloso.
DIVERGÊNCIA NA SELEÇÃO |
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A mudança no carpete das plataformas do Maria Lenk está longe de ser unanimidade na seleção brasileira de saltos.
Um dos integrantes da equipe afirmou que o problema era "único e exclusivo de Juliana Veloso".
E o problema entre a carioca e grande parte da equipe não se limita, porém, à qualidade de carpetes de competição. A carioca não desfruta de bom relacionamento com o restante da seleção, exceção feita a sua companheira de treinos Tammy Galera.
A divergência se estende também ao tratamento com os técnicos do time. Nesta sexta, a saltadora iniciou suas atividades com atraso, ficando à espera de sua treinadora particular, Andréia Boehme.
Apenas após a confirmação de que a técnica só compareceria ao local à tarde que Juliana se dirigiu às plataformas e trampolins. Mas ela pouco se comunicava com Roberto Gonçalves. Quando o fazia, era para palpitar nas orientações de movimentos das outras saltadoras.
Juliana, por sua vez, considera que sua "espontaneidade e carisma" podem atrapalhar suas relações com a CBDA. "O que eu penso eu falo, não fico guardando."
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"A atleta carioca estava insegura quanto ao carpete, que ofereceria risco aos competidores que optassem por fazer saltos após corrida na plataforma. Ela diz que o material usado é o mesmo do Parque Aquático Júlio Delamare, onde sofreu um tombo em treinamentos.
"Esse piso não é adequado e atrapalha o salto correndo. Com o carpete seco no dia da prova, não teria problema. Mas o problema é que meu esporte é aquático," afirmou Juliana, que iria mudar seu salto principal para se adaptar à superfície que rejeitou. "Os outros concorrentes podem vir e saltar com receio. Mas eu já caí com esse carpete. E uma coisa é ter receio e outra é já ter sofrido a queda."
Nesta sexta, uma equipe de técnicos tirou medidas das plataformas do complexo. Após os treinos, o técnico Roberto Gonçalves admitiu que os carpetes "provavelmente serão trocados". "Mas que fique bem claro que não é por causa do pedido dela", afirmou.
Carlos Roberto Osório, secretário geral do Co-Rio, não confirmou a mudança. "O tapete atende às especificações da federação internacional e inclusive já foi homologado. Nós temos 5.600 atletas. Se formos atender a cada pedido individual, não vamos realizar os Jogos"
Segundo Juliana, ela já havia comunicado à CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) de seu temor sobre o material instalado na sede. "Já havia falado com a confederação há um tempo. E eles não cumpriram o que prometeram. O tapete é péssimo. Tem quem goste? Duvido. Pode ter gente que salte, mas gostar é outra coisa."
Mudança de focoDepois de disparar contra as instalações, a atleta procurou nesta sexta-feira sair da mira do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) e da organização do Pan e voltou suas críticas para a CBDA. A saltadora disse que a confederação foi a responsável pela escolha do material de competição.
"O COB e o Co-Rio não têm culpa, eu havia falado sobre a confederação, que falhou na comunicação. Até procurei conversar com eles nesta manhã. Porque quem vê o que saiu [na mídia] pensa que é uma coisa de garota-enxaqueca, mas não tem nada a ver. O COB não estava sabendo de nada disso", afirmou.
O comitê enviou um memorando aos atletas que vão ao Pan com orientações de conduta em entrevistas com a idéia de reprimir opiniões controversas, segundo um dos membros da seleção de saltos confirmou ao
UOL Esporte.
Mas Juliana afirmou que não "teme nada nesse aspecto". "Uma coisa é eles me verem falando e outra é o que dizem que eu falei no jornal", disse.