UOL Esporte - Pan 2007
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06/07/2007 - 13h57

Após crítica de Veloso, carpete dos saltos deve ser mudado

Giancarlo Giampietro
Enviado especial do UOL
No Rio de Janeiro

O Co-Rio (Comitê Organizador do Pan-Americano do Rio) deve mudar os carpetes das plataformas de saltos ornamentais do Parque Aquático Maria Lenk. As alterações devem ocorrer neste sábado antes de evento-teste no domingo, depois de críticas da atleta Juliana Veloso.

DIVERGÊNCIA NA SELEÇÃO
Giancarlo

A mudança no carpete das plataformas do Maria Lenk está longe de ser unanimidade na seleção brasileira de saltos.

Um dos integrantes da equipe afirmou que o problema era "único e exclusivo de Juliana Veloso".

E o problema entre a carioca e grande parte da equipe não se limita, porém, à qualidade de carpetes de competição. A carioca não desfruta de bom relacionamento com o restante da seleção, exceção feita a sua companheira de treinos Tammy Galera.

A divergência se estende também ao tratamento com os técnicos do time. Nesta sexta, a saltadora iniciou suas atividades com atraso, ficando à espera de sua treinadora particular, Andréia Boehme.

Apenas após a confirmação de que a técnica só compareceria ao local à tarde que Juliana se dirigiu às plataformas e trampolins. Mas ela pouco se comunicava com Roberto Gonçalves. Quando o fazia, era para palpitar nas orientações de movimentos das outras saltadoras.

Juliana, por sua vez, considera que sua "espontaneidade e carisma" podem atrapalhar suas relações com a CBDA. "O que eu penso eu falo, não fico guardando."
"A atleta carioca estava insegura quanto ao carpete, que ofereceria risco aos competidores que optassem por fazer saltos após corrida na plataforma. Ela diz que o material usado é o mesmo do Parque Aquático Júlio Delamare, onde sofreu um tombo em treinamentos.

"Esse piso não é adequado e atrapalha o salto correndo. Com o carpete seco no dia da prova, não teria problema. Mas o problema é que meu esporte é aquático," afirmou Juliana, que iria mudar seu salto principal para se adaptar à superfície que rejeitou. "Os outros concorrentes podem vir e saltar com receio. Mas eu já caí com esse carpete. E uma coisa é ter receio e outra é já ter sofrido a queda."

Nesta sexta, uma equipe de técnicos tirou medidas das plataformas do complexo. Após os treinos, o técnico Roberto Gonçalves admitiu que os carpetes "provavelmente serão trocados". "Mas que fique bem claro que não é por causa do pedido dela", afirmou.

Carlos Roberto Osório, secretário geral do Co-Rio, não confirmou a mudança. "O tapete atende às especificações da federação internacional e inclusive já foi homologado. Nós temos 5.600 atletas. Se formos atender a cada pedido individual, não vamos realizar os Jogos"

Segundo Juliana, ela já havia comunicado à CBDA (Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos) de seu temor sobre o material instalado na sede. "Já havia falado com a confederação há um tempo. E eles não cumpriram o que prometeram. O tapete é péssimo. Tem quem goste? Duvido. Pode ter gente que salte, mas gostar é outra coisa."

Mudança de foco
Depois de disparar contra as instalações, a atleta procurou nesta sexta-feira sair da mira do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) e da organização do Pan e voltou suas críticas para a CBDA. A saltadora disse que a confederação foi a responsável pela escolha do material de competição.

"O COB e o Co-Rio não têm culpa, eu havia falado sobre a confederação, que falhou na comunicação. Até procurei conversar com eles nesta manhã. Porque quem vê o que saiu [na mídia] pensa que é uma coisa de garota-enxaqueca, mas não tem nada a ver. O COB não estava sabendo de nada disso", afirmou.

O comitê enviou um memorando aos atletas que vão ao Pan com orientações de conduta em entrevistas com a idéia de reprimir opiniões controversas, segundo um dos membros da seleção de saltos confirmou ao UOL Esporte.

Mas Juliana afirmou que não "teme nada nesse aspecto". "Uma coisa é eles me verem falando e outra é o que dizem que eu falei no jornal", disse.