Ela domina o esporte desde o final da década de 80. Em 2005, após 14 títulos no Campeonato Brasileiro, teve sua invencibilidade quebrada pela também convocada para o Pan, Thaísa Serafini, à época com 20 anos.
Há aproximadamente um mês, em entrevista ao
UOL Esporte, Karen Redfern disse que estava longe da aposentadoria. Mas, a nove dias da abertura do Pan, mudou de idéia e confirmou que este será seu último campeonato da carreira.
"Já estava pensando em parar, mas queria encontrar o momento certo para anunciar a aposentadoria", comenta a maior atleta do squash feminino da história do Brasil. "Agora é o momento certo. Estou indo para o meu terceiro Pan. Já fiz bastante pelo esporte no país".
Aos 43 anos, Karen anuncia aposentadoria a diz que Thaísa (dir.) será a sua sucessora |
Experiente, Roni (esq.) quer participar de pelo menos mais um Pan-Americano |
Aos 43 anos, Karen explica que tomar a decisão foi difícil. "Foi complicado pensar em parar", comenta. "Quero parar no auge de minha carreira, vencendo. É difícil pegar o caminho de volta, perder jogos. Quero que as pessoas se lembrem de mim como uma vencedora, uma guerreira".
A mãe de Victória, 12, e Luiz Fernando, de 10 anos, comenta que está no limite da idade para competir. "Por melhor que seja a minha habilidade e técnica, o físico não corresponde. Posso jogar até melhor, mas perco pelo condicionamento físico. E isso é muito frustrante para quem está acostumada a vencer", explica Karen, que quer deixar as quadras como a número um do ranking nacional.
Após 25 anos dedicados ao squash, a jogadora está sentindo muito mais cansaço depois dos jogos, e por isso, continuar seria difícil. "O pessoal está triste com minha aposentadoria. Eles brincam que se eu deixar de jogar, não vão ter a oportunidade de ganhar de mim. E não quero que eles ganhem mesmo", brinca.
O squash integra o programa dos Jogos Pan-Americanos desde a edição de Mar del Plata, 1995. Karen, única remanescente da equipe feminina da modalidade, representou o Brasil nas edições de Winnipeg e Santo Domingo. Em seu terceiro Pan, no Rio de Janeiro, busca sua terceira medalha e, quem sabe, a primeira de ouro do país no esporte.
"Eu quero melhorar muito meus resultados anteriores. Para mim este sonho é real. Posso não conseguir realizá-lo, mas é o que eu quero. Não posso falar que é um sonho distante", diz a veterana. "Se alguém jogar sem pensar em medalha, é melhor nem jogar. Eu vou buscar o ouro sim", afirma a bicampeã pan-americana da modalidade (1991 e 1992), hexacampeã sul-americana e 15 vezes campeã brasileira.
Para conseguir o feito da medalha inédita, a equipe feminina está treinando com a pentacampeã mundial da modalidade, a australiana Sarah Fitzgerald. "Estou me preparando para o Pan há mais de um ano. Agora o foco é o treinamento competitivo", explica. "A equipe está bem concentrada e eu estou muito emocionada por ter a oportunidade de jogar no Brasil", comemora.
Entre suas principais adversárias no individual está a norte-americana Natalie Grainger. A jogadora está entre as dez melhores do mundo e é forte candidata ao ouro. "Acredito que temos mais chances de vencer no jogo em duplas. Nossa equipe é bem equilibrada, e vamos sim brigar pelo ouro", diz Karen.
E se alguma brasileira pode substituir a jogadora medalha de Bronze em Winnipeg-1999 e em Santo Domingo-2003? "Pode sim, sem dúvida. Thaísa (Serafini) tem um nível superior das outras meninas. Ela será minha sucessora", afirma Karen.
Se a veterana da equipe feminina de squash confirmou sua aposentadoria, um dos mais experientes atletas da equipe masculina está longe de pensar assim. Ronivaldo Conceição, o Roni, é o único remanescente da equipe de 1999.
"Eu pretendo competir por muito mais tempo. Quero jogar o próximo Pan. Estou bem, chegando bem nos torneios, não tem por que pensar em parar agora", explica o jogador medalha de bronze por equipes e individual em Winnipeg-99 e bronze individual e prata por equipes em Santo Domingo-03.
Um dos motivos de Roni, 35 anos, nem pensar na aposentaria, é a falta de atletas mais novos no esporte. "É por isso que estou treinando e vencendo. Enquanto os jovens não chegam, estarei aqui. A nova geração já deveria estar vencendo. Mas não é isso que tem acontecido. Não dá para falar só em promessas, elas não aparecem", comenta.
No Rio de Janeiro, Roni espera que a maturidade de dois Jogos Pan-Americanos fale mais alto. "É a mesma equipe de Santo Domingo, só que mais madura e melhor tecnicamente", diz o atleta, que há 15 anos vive exclusivamente de aulas de squash. No caminho do pódio brasileiro, o grande adversário ainda é o Canadá.
"Antes o Canadá era o melhor, o Brasil era o segundo, e os outros vinham atrás. Hoje o Canadá continua na frente. No Pan do Rio, vamos brigar com México, Estados Unidos, Colômbia. Está mais puxado o squash", conclui o jogador.