UOL Esporte - Pan 2007
UOL BUSCA

04/07/2007 - 09h08

Amador, esqui brasileiro desembolsa para ter preparação de luxo

Fernanda Brambilla
Em São Paulo

Os treinos na água são nos intervalos da escola ou do trabalho, além de finais de semana, horário de almoço, e na "janela" entre reuniões. Fora d´água, no entanto, a agenda é cheia: psicólogo, nutricionista, fisioterapeuta, personal trainer. Sem falar nas viagens para o exterior.

VIDA DE PROFISSIONAL
UOL Esporte
Fernando Neves, o Brucutu, conta com a experiência dos treinos com estrangeiros
UOL Esporte
Felipe Neves, seu irmão, tem o apoio de psicólogo, nutricionista e personal trainer
Divulgação
Aos 17 anos, Juliana faz clínicas de esqui no exterior, tem personal e fisioterapeuta
O incremento é dos atletas de esqui aquático para o Pan. A modalidade é amadora no país, mas o preparo dos brasileiros está longe de ser improvisado.

"Levamos tudo muito a sério, nossa rotina é profissional. Não só nos horários, a disposição de acordar às 6h todo dia e ir para a represa treinar no maior frio, mas todo o desembolso com profissionais de apoio", lembra Fernando Neves, o Brucutu, principal esperança de medalha.

Como parte de seu patrocínio de uma marca de óculos e vestuário, Brucutu tem uma dieta especial feita por um nutricionista e reforçada por suplementos. Vai ao psicólogo e ao fisioterapeuta, além de sessões de acupuntura "se precisar". Fora a musculação e as corridas.

Seu irmão, Felipe Neves, que também vai ao Pan, não fica atrás. Aos 18 anos, também conta com um staff de profissionais. "Tenho nutricionista, personal trainer e fisioterapeuta, mas é mais por causa do joelho", conta o atleta, que tem o ligamento cruzado rompido.

Como se fosse pouco, os irmãos mantêm há oito anos a rotina de viajar ao exterior para adquirir experiência com atletas e técnicos profissionais. A última empreitada foram duas semanas nos Estados Unidos, onde treinaram com o ex-esquiador Lucky Lowe, na Flórida. Lowe, que foi campeão mundial de slalom em 1991, é o técnico de Chris Parrish, atual recordista mundial.

"Ficamos amigos em 2003 e desde então vou pra lá todo ano, treinar com ele em Orlando", conta Brucutu, que ressalva que o intercâmbio não é apenas cordialidade entre amigos. "Pra eles, também é interessante ter brasileiro lá, porque já estamos em um nível bom de competição."

Fernando conta que o técnico, já familiarizado com os irmãos, os chama de "my brazilian boys". "Ele já me chamou pra ficar lá de vez, competindo direto, mas não quis. E se eu arrebento o ombro, me lesiono, o que faço da vida? Sei que esqui não é para sempre", diz o atleta, que cursa faculdade de administração.

Filha de Rafael Negrão, esquiador veterano, Juliana cursa o terceiro colegial e disputa torneios na categoria júnior, mas já tem rotina de atleta sênior.

"Estava treinando, agora estou na academia. Depois, vou pra massagem e faço fisioterapeuta, porque machuquei as costas", conta Juliana Negrão, de apenas 17 anos, que fará sua estréia no Pan.

Há dois anos, Juliana também dá suas "escapadas" do colégio para treinar. Em 2006, foi recebida no Chile pela família Miranda - de esquiadores renomados, onde treinou durante quase um mês.

"Fiquei na casa deles, vi grandes esquiadoras, foi uma experiência incrível", lembra a atleta que, mesmo sem patrocínio, este ano optou pelos Estados Unidos. "Passei um mês na Flórida, em uma escolinha de esqui freqüentada por atletas de ponta."