UOL Esporte - Pan 2007
UOL BUSCA

03/07/2007 - 08h45

Arqueiros priorizam Mundial e deixam Pan em segundo plano

Felipe Mendes
Em São Paulo

A maioria dos integrantes do tiro com arco está passando por uma fase importantíssima. Mas não por conta dos Jogos Pan-Americanos. A competição que tem tirado o sono dos atletas e o dinheiro da Confederação Brasileira de Tiro com Arco também acontece em julho, mas entre os dias 7 e 15 e na Alemanha.

CLASSIFICAÇÃO OLÍMPICA
Ana Carolina Fernandes/Folha Imagem
 
O Brasil tem duas chances de se classificar para a Olimpíada de 2008. a competição disputada em Leipzig, na Alemanha as oito melhores equipes já estão automaticamente classificadas, assim como os 16 melhores atletas que não pertencerem a este times.
EL SALVADOR: BOM DE FLECHADA
Trata-se do Campeonato Mundial de Tiro com Arco, o principal torneio classificatório para os Jogos Olímpicos de 2008, em Pequim. Serão oferecidas 80 vagas, sendo que 40 para homens e 40 para mulheres e os brasileiros estão treinando intensivamente para ficar com algumas delas.

É o caso de um dos melhores arqueiros brasileiros, Marcos Bortoloto que admite ter o Mundial como prioridade do seu calendário, deixando o Pan em segundo plano: "O foco mesmo é o mundial, o pan-americano será uma conseqüência", conta. Eros Fauni, o diretor técnico da Condeferação, tem outra visão e afirma que não há primazia: "Os dois são muito importantes. Um por dar vagas para os Jogos Olímpicos e o outro por ser aqui no Brasil", afirma.

Mesmo assim foi feita uma opção, que teve como fator limitante o dinheiro: mandar três atletas da categoria masculinas e apenas uma mulher, que passarão por um período de treinamento na Itália até um dia antes da competição, quando viajam para a Alemanha. Sarah, a escolhida, conta o porquê: "Eu vou para o Mundial porque nunca competi em uma prova nessas proporções". E ela está animada: "o foco principal é classificar para a Olimpíada."

A escolha, porém, não agradou a todas as atletas da seleção. Fátima Rocha, a única atleta da seleção feminina que competiu no Pan de Santo Domingo, em 2003, afirma que se sentiu desiludida com a escolha: "Logicamente fiquei chateada. Aqui a gente perde um pouco o ritmo. Enquanto os atletas estão lá competindo um Mundial, eu estou aqui, fazendo supermercado, pagando conta, trabalhando...".

Mesmo assim ela garante estar animada para o Pan-Americano e brinca: "Em compensação só eu vou poder treinar no campo do Pan". Eros rebate dizendo que a seleção foi baseada no preparo físico de cada atleta e que nem Fátima, nem Petra Ruocco estavam em condições de competir em um Mundial.

Petra, a terceira integrante da seleção feminina de tiro com arco também não foi escolhida, mas acabou comprando a passagem com o próprio dinheiro e aproveitou a estadia oferecida pela confederação para treinar para o Pan: "Meu foco é o Pan porque a confederação não tinha verba para mandar todos para o Mundial", afirma conformada.

De acordo com as perspectivas de Eros, a pretensão de vaga de Sarah é quase irreal: "Se existe alguma chance é no masculino." Com Marcos Bortoloto, Fábio Emílio e Leonardo Lacerda, a chance de conquistar uma vaga é, realmente, maior.

E para isso os treinos na Itália estão fugindo dos padrões brasileiros, nos quais os atletas praticam por, no máximo, 4 horas: "Aqui estamos treinando por volta de oito horas", conta Leonardo.

Fábio Emílio também está treinando oito horas por dia. Entretanto, para ele a idéia de colocar o Mundial em primeiro plano tem sido conflitante com o que pensava: "O foco deveria ser o Pan, mas tem uma pressão muito grande para conseguir uma vaga para a Olimpíada, porque faz duas ou três Olimpíadas que o Brasil não consegue ir".

Na verdade, desde 1992 que o Brasil não consegue enviar atletas aos Jogos Olímpicos. Os últimos foram Renato Emílio, pai de Fábio, que terminou a competição em 49º, e Victor Krieger, eliminado na primeira rodada da fase final.