UOL Esporte - Pan 2007
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03/07/2007 - 08h47

Mais do que medalha, vaga olímpica é meta do Brasil no pentatlo

Claudia Andrade
Em São Paulo

Com oito vagas olímpicas em disputa, o Pan-Americano passou a ser o caminho mais curto para se chegar a Pequim. Por isso, a meta dos brasileiros na disputa não é conseguir uma medalha de ouro, prata ou bronze, mas sim assegurar um lugar nos Jogos Olimpícos do ano que vem.

Divulgação
Daniel Santos, que foi às Olimpíadas de Atenas, quer lugar na equipe de Pequim
Nos Jogos do Rio, os dois melhores atletas da Norceca (Américas do Norte e Central e Caribe) e os dois primeiros da América do Sul, no masculino e no feminino, estarão classificados para as Olimpíadas. Além disso, outras quatro vagas, duas para o masculino e duas para o feminino, serão dadas aos melhores atletas de cada país excluindo-se aqueles que já tenham assegurado um representante.

No Pan de Santo Domingo-2003, o país conseguiu classificar um representante no masculino e outro no feminino para as Olimpíadas de Atenas. Agora, precisa repetir o trabalho, que ficou mais fácil.

"De Atenas para Pequim, as vagas do pentatlo moderno passaram de 32 para 36. Destas quatro vagas adicionais, duas vieram para as Américas", explica o presidente da Confederação Brasileira, Hélio Cardoso. "A vaga olímpica é o nosso compromisso com o COB (Comitê Olímpico Brasileiro). Temos que manter a posição que alcançamos em Santo Domingo", continua.

"Não dá pra dizer que já estamos classificados porque, se o futebol é uma caixinha de surpresas, o pentatlo é um baú delas. Mas posso dizer que, principalmente no feminino, o Brasil tem grandes chances", completa o dirigente.

Um dos quatro brasileiros que vão disputar a modalidade no Pan, Daniel Santos participou dos Jogos da Grécia, em 2004, depois de ser apenas sexto colocado em Santo Domingo. Só que ele foi o melhor da América do Sul, um dos critérios de classificação.

Com apenas uma vaga para cada país no Pan, cria-se ainda uma concorrência entre compatriotas pela classificação. "Até por isso, na esgrima, a primeira luta é entre atletas do mesmo país, porque a disputa já começa aí", ressalta Cardoso.

Até por isso, o veterano Santos espera uma evolução. "Agora que tenho uma experiência maior, quero um resultado melhor que o de Santo Domingo", diz. "Já consegui uma melhora na corrida e natação e nas provas mais técnicas também melhorei nestes treinos que estamos fazendo desde março", comemora.

Rivais estrangeiros
Em meados da década de 90, o pentatlo moderno chegou a ser ameaçado de sair do programa olímpico e, consequentemente, do pan-americano, caso não atraísse mais público. Os dirigentes do esporte se mobilizaram e conseguiram aumentar o número de países participantes.

As grandes potências são os países do Leste Europeu enquanto nas Américas, Estados Unidos e Canadá se destacam. No ranking mundial, Santos é o terceiro das Américas, em 36º, atrás de dois norte-americanos, Eli Bremer, décimo colocado, e Dennis Bowsher, 28º. Wagner Romão, o outro brasileiro no Pan, aparece na 46ª colocação, logo depois do mexicano Andres Garcia.

Entre as mulheres, a canadense Monica Pinette é a melhor colocada, em décimo lugar, seguida das norte-americanas Sheila Taormina (13ª) e Michelle Kelly (18ª). A brasileira Yane Marques aparece em trigésimo lugar, e Larissa Lellys é 75ª.

Para ter chances de brigar também por medalhas no Pan, a equipe brasileira aposta na preparação concentrada, que foi feita durante os últimos quatro meses e incluiu um intercâmbio de um mês na Itália.

"Nossa preparação não deixa nada a desejar à dos outros países", defende o presidente da confederação. "Mas como o Barão de Coubertin (idealizador das Olimpíadas) queria um esporte completo, o pentatlo tem muita coisa em jogo: precisa de concentração, tranqüilidade, explosão na natação. Se o atleta já sair mal no tiro (primeira das cinco provas), vai ter que buscar nas outras, aí fica mais difícil", conclui Hélio Cardoso.