UOL Esporte - Pan 2007
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02/07/2007 - 08h50

"Showman", Sturmer aposta em apelo nacional pelo bi no Pan

Fernanda Brambilla
Em São Paulo

Associada frequentemente a shows como "Holiday On Ice" ou quadro de TV como "Dança dos Famosos", a patinação artística lutou durante muito tempo para se impor como esporte e não apenas como uma "dança sobre rodas". Mas no Pan do Rio, a modalidade decidiu apostar no brio do público para conquistar o bicampeonato nos pés de Marcel Sturmer, que incorpora o "showman" do Brasil.

Divulgação
Aos 22 anos, gaúcho Marcel Sturmer é o grande nome da patinação artística no país
VEJA APRESENTAÇÃO DE JULIANA
VEJA APRESENTAÇÃO DE MARCEL
"Patinação pede espetáculo. A emoção tem que tomar conta do público na performance, tem que mexer com a torcida. Com a competição em casa, eu seria muito burro se não aproveitasse isso", conta o idealizador da empreitada, Marcel Sturmer, que dá detalhes da exibição nacionalista.

"Minha coreografia foi feita especialmente para o Pan. Vou mostrar alguns esportes em que o Brasil é destaque, tudo para empolgar a platéia. Vou fazer dribles, simular vôlei, e até chutar um pênalti. Quero fazer a torcida vibrar comigo", aposta.

Aproveitando a chance (única, provavelmente) de se apresentar em casa em frente a um público tão numeroso e a seu favor, Marcel não teve dúvidas. Em vez de optar pela segurança de uma coreografia anterior e bem ensaiada, fará no Pan uma apresentação especialmente bolada para a competição, com direito a música brasileira e menções claras aos demais esportes nos movimentos dos patins.

Se pelo bicampeonato vale tudo, Marcel preferiu fugir de uma música pronta. "Todo mundo lembra do `Brasileirinho´ por causa da Daiane, mas preferi fugir de uma música só. Conheço a Daiane, já falei com ela sobre isso, mas fugi de uma música pronta", conta o patinador. Na apresentação, serão quatro músicas em um medley que inclui samba, bossa nova, hip hop e batucada.

"A roupa também é surpresa", lembra Marcel, que chegou a ter aulas de hip hop para fazer a coreografia com mais naturalidade. "E tudo homenageia o Brasil".

Apesar do clima de festa, o patinador, que foi o quinto colocado no último Mundial da modalidade, disputado na Espanha, sabe que a disputa não está ganha. Em Murcia, seu principal adversário no Pan ficou à sua frente, o argentino Daniel Arriola, terceiro colocado. O outro rival é o norte-americano Joshua Rhoads, oitavo no Mundial.

NADA DE FAUSTÃO
No início do ano, Sturmer foi convidado a participar do quadro de TV "Dança dos famosos". O patinador confessa que ficou tentado a aceitar o convite, mas foi orientado por sua técnica a não participar.

"Fiquei feliz com o convite, e fiquei pensando na visibilidade que o programa daria ao esporte, mas não é bom confundir as coisas. Sou um atleta", avaliou Sturmer.

Jaqueline Fensterseifer, que o acompanha desde o início da carreira, foi além. "Isso iria banalizar a imagem dele. O que ele faz não é isso, é um esporte, é sério. Fora o risco desnecessário de uma lesão."
Na contramão: surpresa e tango
Contrastando do preparo meticuloso de Marcel está a representante feminina do Brasil, Juliana Almeida. Com apenas 16 anos, dos quais seis em cima dos patins, Juliana vai ao seu primeiro Pan com a surpresa de quem ainda não assimilou a classificação.

Na seletiva final, durante o Campeonato Brasileiro, disputado em Santos no fim de maio, Juliana venceu a então favorita Mayra Ramos, que trouxe a medalha de bronze de Santo Domingo-2003.

"Foi uma surpresa para mim, porque consegui mostrar tudo o que eu tinha melhorado nos últimos meses de treino", contou Juliana. No início do ano, os seis pré-selecionados para o Pan passaram por um intensivão nos Estados Unidos, estadia da qual a atleta credita a superação.

"Ela ralou muito lá, foi visível a diferença", contou o treinador de Juliana, Max Coelho, idealizador das coreografias dos dois atletas brasileiros. "Para nós, foi uma surpresa a classificação. Se eu disser que esperava, é mentira."

Com a vaga de última hora, Juliana manterá a mesma coreografia que apresentou na seletiva. E espera não ter a antipatia do público por ter como seu tema um tango argentino. "Nem tinha pensado nisso, em rivalidade, agora que caiu a ficha", diz a patinadora, que vai ter que torcer para que a atleta argentina não tenha a mesma idéia.

Surpresa com o assédio e as já constantes entrevistas, Juliana admite que, como não contava com a vaga, usará a mesma roupa do Brasileiro no Pan. "Mas vou fazer um salto novo, mais incrementado", diz a atleta.