UOL Esporte - Pan 2007
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27/06/2007 - 12h07

Brasil compete no levantamento de peso de olho nos Jogos de 2011

Mariana Franceschinelli
Em São Paulo

Disputar um Pan em casa representa a maior chance de medalha para muitos atletas da delegação brasileira que vão ao Rio 2007. Ou uma oportunidade de ouro para se preparar para os Jogos Olímpicos de Pequim em 2008. Mas pelo menos uma modalidade tem uma ambição bastante modesta em solo carioca. No levantamento de peso, o objetivo é preparar o time para o Pan de 2011, na cidade mexicana de Guadalajara.

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Fernando Reis é uma das promessas da modalidade para o próximo Pan, de 2011
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Aline Campeiro e Liliane Menezes trocaram o atletismo pelo levantamento de peso
"Será uma preparação para o Pan de 2011", reconhece o técnico da seleção brasileira masculina, Edmilson Dantas. Ele aponta a falta de experiência da equipe como o principal problema nos Jogos do Rio de Janeiro.

"Os atletas são muito jovens ainda. Eles têm em média quatro, cinco anos no esporte. Um atleta, para chegar a ter uma marca boa precisa de pelo menos oito anos de treino", explica o treinador.

Apenas dois atletas do atual grupo de levantamento de peso disputaram o Pan passado, quatro anos atrás, em Santo Domingo, na República Dominicana: Valdinere da Silva, que obteve o décimo lugar na categoria até 48 kg, e Wellinson Rosa da Silva, que teve os seus 15 minutos de fama ao ser atingido na cabeça pela barra na tentativa de um levantamento.

O único feito do último Pan foi o de Valdirene. Na época com 19 anos, ela quebrou o recorde brasileiro de arremesso, com a marca de 62,5 kg (a anterior era de 60 kg). E é esta a meta de grande parte dos brasileiros que vão competir. Quebrar marcas nacionais.

Para Edmilson Dantas, pensar em ir ao Pan somente para treinar e ter experiência internacional é absolutamente normal, mesmo que a competição seja realizada em casa. E o treinador já tem duas apostas para os Jogos de Guadalajara: Fernando Reis e Rafael Andrade. Os dois têm se destacado em competições internacionais sub-17, como o Sul Americano e o Pan da modalidade.

Divulgação
Wellinson é um dos conhecidos da equipe, mas pela pancada que levou em 2003
Se a situação no masculino é ruim, na equipe feminina é ainda pior. "Feliz o cara que pode fazer um planejamento para o próximo Pan. A realidade dos pesistas treinados pelo Dantas é bem diferente da nossa aqui. Eles têm apoio de um clube. Nós não. Cada atleta viva aqui com R$ 500", reclama Dragos Stanica, técnico das mulheres.

A falta de apoio faz com que o treinador da seleção feminina não veja um futuro promissor com a equipe. "Acho um absurdo pensar que este Pan é a preparação para 2011. Eu não penso assim. O Brasil tem atletas no Pan só porque é no Brasil. No máximo vamos levar quatro atletas na próxima edição do evento", desabafa Stanica.

Para o técnico da equipe brasileira feminina, as pesistas que competirão no Pan do Rio dificilmente vão estar no esporte daqui a quatro anos.

"Elas ganham um salário mínimo. Vão viver disso? Elas não têm condições, elas não vão continuar", diz. "Eu estou preparando as meninas para este Pan. Bater recordes nacionais é grande objetivo. Medalhas? Estamos dependendo do erro dos outros. Se alguém errar na categoria até 48 kg, a Aline Campeiro pode ficar com o bronze. Mas é difícil", reconhece o técnico.