UOL Esporte - Pan 2007
UOL BUSCA

05/06/2007 - 15h14

Carateca diz desconhecer ato; Confederação acredita em armação

Felipe Mendes
Em São Paulo

Com mordaças pretas, cartazes e panfletos com o título "Injustiça ou Corrupção?", amigos do carateca Carlos Vieira, o Bocorinha, aproveitaram a chegada da chama pan-americana ao Brasil para protestar, nesta terça-feira, contra sua não-convocação para os Jogos Pan-Americanos 2007.

O presidente da Confederação Brasileira de Caratê, Edgar Ferraz, que estava no México enquanto a seleção disputava o Pan-Americano da modalidade afirmou ter sido surpreendido pelo ato. Carlos foi convocado para disputar o Pan-Americano no México, mas optou por não ir competir. Chegamos aqui e já estava armado esse circo todinho".

TUMULTO NA CHEGADA
Rodrigo Bertolotto/UOL
Vergonha", "Queremos Justiça" e "Venceu Quatro Seletivas e Foi Excluído" eram algumas das faixas erguidas pelos defensores de Bocorinha. As mordaças pretas também deram cara ao protesto que aconteceu nesta terça-feira.

Porém não foi só isso que marcou a chegada da chama pan-americana ao Brasil. A confusão causada pelo enorme número de pessoas que desejavam ver a tocha, também atrapalhou a chegada.
LEIA MAIS
O curioso é que o próprio Bocorinha disse não saber do protesto. Escolhido para ser o representante baiano que conduzirá a chama pan-americana, o atleta revelou: "Estou reunido com o Comitê Olímpico Brasileiro desde as 10 horas da manhã. Se eu soubesse disso não deixaria acontecer".

De fato, o panfleto distribuído não tem assinatura de Carlos Vieira. O nome que consta no final do texto é de "Eberton Silva Santos, atleta e morador de Porto Seguro". O carateca baiano é conhecido de Bocorinha.

Edgar, porém, não acreditou na versão do carateca: "Ele é mentiroso. Está usando de má fé com a imprensa". O coordenador de seleções da Confederação Brasileira de Caratê, Geraldo de Paula apresentou a mesma versão do presidente: "Com certeza ele que provocou tudo isso e está tirando o corpo fora porque fugiu do controle dele".

Mais curioso ainda é que, de acordo com alguns jornalistas baianos, o carateca foi visto circulando de carro perto do aeroporto internacional de Porto Seguro, onde começou a manifestação. Já em Santa Cruz Cabrália, local para onde os manifestantes seguiram, Carlos não estava.

Afirmando desconhecer o protesto, Carlos chegou a afirmar: "Estava desacreditado de ir ao Pan. Agora estou até com medo do que possa acontecer comigo". Ele também contou que o máximo que fez foi dar entrevistas a veículos da imprensa baiana afirmando que não iria competir nos Jogos Pan-Americanos.

Integrante da seleção brasileira permanente, Carlos Vieira ficou, junto com mais dois outros atletas da categoria até 65 kg entre os finalistas a serem selecionados para o Pan. Entretanto, de acordo com a Confederação, a falta de índice técnico eliminou os três nomes (um deles o campeão brasileiro Tiago Silva), dando a vaga para o vice-campeão Carlos Lourenço.

O coordenador de seleções, Geraldo de Paula, afirmou sobre o caso: "Agora que ele pode ter medo, pois não estará mais na seleção permanente".