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05/06/2007 - 11h48

Balbúrdia e protesto marcam chegada da chama no Brasil

Rodrigo Bertolotto
Enviado especial do UOL
Em Porto Seguro (BA)

A chama pan-americana já está em solo brasileiro. Nesta terça-feira, um dia após ser aceso nas pirâmides astecas de Teotihuacán (nos arredores da Cidade do México), o fogo do Pan desembarcou no Brasil. E a chegada, no acanhado Aeroporto Internacional de Porto Seguro, foi marcada por balbúrdia e protesto.

FOTOS DA TOCHA NO BRASIL
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Maia e Nuzman desembarcam com chama ao lado de Marta e Silva Jr.
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No aeroporto de Porto Seguro, índios fazem a dança "auê"
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Amigos do carateca baiano Carlos Vieira, o Bocorinha, fazem protesto
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Primeiro condutor, Wilson Gomes Carneiro acende a tocha
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SEGURANÇA DO REVEZAMENTO
A balbúrdia aconteceu graças ao grande número de pessoas que queriam ver a chama do Pan. Além de políticos, dirigentes, atletas, ex-atletas e índios que esperavam a chegada do fogo pan-americano, vários populares foram ao aeroporto tentar chegar perto da chama.

Já o protesto foi feito por amigos do carateca baiano Carlos Vieira, o Bocorinha, que reclamavam pela não inclusão do atleta na lista de competidores dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro.

"Vergonha", "Queremos Justiça" e "Venceu Quatro Seletivas e Foi Excluído" eram algumas das faixas erguidas pelos defensores de Bocorinha, que protestaram usando mordaças pretas.

Bocorinha passou por quatro seletivas para integrar a seleção, mas, por "critérios técnicos", perdeu a vaga na categoria até 65 kg para Carlos Lourenço.

Alheia ao protesto, a comitiva que levou a tocha do México a Porto Seguro na viagem de 13 horas em um avião da Força Aérea Nacional (o Sucatão, que servia à Presidência antes de ser trocado por um modelo mais novo) fez a festa na chegada ao Brasil.

Na aterrissagem do Sucatão, o ex-jogador e hoje dirigente de vôlei Giovane Gavio imitou o gesto de Romário após a conquista da Copa do Mundo de 1994 e foi à janela da aeronave, carregando uma bandeira do Brasil.

A chama apareceu na pista do aeroporto de Porto Seguro nas mãos do presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Carlos Arthur Nuzman. O dirigente logo passou o fogo para o prefeito do Rio de Janeiro, César Maia, que por sua vez repassou a chama para o governador da Bahia, Jacques Wagner.

Enquanto isso, um grupo de índios pataxós se espremia no saguão para fazer uma dança chamada auê, em saudação ao fogo pan-americano. Com um cocar na cabeça, o pugilista Acelino "Popó" Freitas assistia à cerimônia.

Após a dança, a comitiva seguiu para Santa Cruz Cabrália, onde a primeira tocha do Pan 2007 foi acesa. A prefeitura da cidade, assim como a de Porto Seguro, decretou ponto facultativo para que as pessoas acompanhassem o evento.

Na aldeia indígena Coroa Vermelha, em Cabrália, a chama foi entregue ao prefeito da cidade, Ubaldino Pinto, que a passou para o cacique Aruã. A cantora de axé Margareth Menezes cantou o hino nacional brasileiro.

O carateca Carlos Vieira diz que não sabia do protesto realizado nesta terça-feira em contra sua não-convocação para os Jogos Pan-Americanos. O presidente da Confederação Brasileira de Caratê diz que Carlos é mentiroso e que não passou de uma armação.

Bocorinha, como é conhecido afirmou estar reunido com o COB desde as 10 horas da manhã. Entretanto, o carateca foi visto circulando nos arredores do Aeroporto Internacional de Porto Seguro, local onde começou a manifestação.
CARATECA SE DEFENDE
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O protesto de Bocorinha também foi a Cabrália. Amigos do atleta distribuíram panfletos com o título "Injustiça ou Corrupção?" e finalmente foi ouvido pelas autoridades.

"Já recebemos a sua mensagem e o assunto já está sendo tratado", disse o governador da Bahia, Jacques Wagner, prometendo ao carateca uma audiência com o ministro do Esporte, Orlando Silva, logo após a cerimônia de revezamento.

O ex-atleta Wilson Gomes Carneiro, de 77 anos, foi o primeiro condutor da tocha pan-americana no revezamento da chama, que levará o fogo a 51 localidades antes da chegada ao Rio de Janeiro, no dia 13 de julho, data da cerimônia de abertura do Pan.

O orçamento do revezamento da tocha gira em torno de R$ 10 milhões, sendo que a metade do valor será gasta pelo Ministério do Esporte e a outra metade será dividida entre um dos patrocinadores do Pan e as prefeituras das cidades envolvidas.