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04/05/2007 - 15h02

Estrangeiras 'infiltradas' abocanham torcida e espionam brasileiras

Fernanda Brambilla
Enviada especial do UOL
No Rio de Janeiro

A cada final do Troféu Brasil (agora rebatizado de Troféu Maria Lenk), duas brasileiras com a confirmação (ou a surpresa) da conquista das vagas para uma prova do Pan-Americano do Rio. Mas na raia ao lado, muitas vezes é uma argentina ou uma chilena quem sorri e comemora a melhor marca. Com sotaque quase brasileiro.

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A chilena Kristel Kobrich se sente completamente acolhida no Brasil
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Argentina Cecília Biagioli mora em Córdoba e defende o Corinthians
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Bardach é considerada uma das principais nadadoras da Argentina
Principal concorrente de Joanna Maranhão nos 400 m medley, Georgina Bardach é considerada uma das principais nadadoras da Argentina na atualidade. Aos 20 anos, sagrou-se medalhista em Atenas-2004. Aos 23, serve de laboratório para a equipe do Unisanta.

"As meninas observam como ela nada, como ela treina, a rotina dela e acabam aprendendo muita coisa", conta Rosa Carneiro, técnica da Unisanta. "Agora ela já é de casa, e não intimida nada." Muito pelo contrário. A principal dificuldade para a treinadora vai ser conter a torcida para a argentina nos Jogos do Rio. "Independente da camisa, já peguei carinho por ela. Sei que ela é a adversária direta da Joanna, mas quando vejo já estou torcendo para a Argentina."

Há dois anos no Corinthians, a argentina Cecília Biagioli se camufla em meio às companheiras de clube na barulhenta arquibancada. Quando a argentina está na água, a torcida é tão ou mais calorosa do que para as demais, prova da interação da atleta com o clube. Mas entre uma batucada e outra, Cecilia já está de olho em algumas brasileiras que vão entrar em seu caminho no Pan.

"A Monique Ferreira eu já esperava ver nadar bem, mas me surpreendi com a Manuella Lyrio. É mais uma brasileira que é minha concorrente", comentou a argentina, que diz conhecer as duas só 'de passagem'. Conversar sobre o Pan, então, está fora de cogitação. "Prefiro nem falar nisso, nem toco no assunto", brincou.

A nadadora, que conquistou a medalha de ouro nos 400 m livre do Troféu no ano passado, já mostrou que pode pôr água na festa brasileira. Na final dos 800 m feminino, Cecília obteve o mesmo índice de Poliana Okimoto, 8min46s87, e dividiu o lugar mais alto com a brasileira, que é a grande favorita do país para a prova no Pan. Para apreensão local, a argentina tem outras medalhas em mente. "Vou nadar os 400 m e os 200 m livres e espero conseguir medalhas nessas duas provas. Nos 200 m estou mais confiante."

A CONCORRÊNCIA
800 m - Finais
Poliana Okimoto8min46s87
Cecília Biagioli 8min46s87
Kristel Korbich 8min40s41
400 m livre - Eliminatórias
Manuella Lyrio 04min15s00
Monique Ferreira 04min13s11
Cecília Biagioli04min19s63
200 m livre - Eliminatórias
Manuella Lyrio02min03s10
Monique Ferreira02min01s62
Cecília Biagioli02min03s10
400 m medley - Melhor tempo
Georgina Bardach 04min40s02
Joanna Maranhão04min50s70
Outra arma corintiana que pode virar pesadelo nos Jogos é a chilena Kristel Kobrich, atual recordista sul-americana dos 800m feminino, com 08min40s41, marca obtida em Atenas-04. Aos 21 anos, Kristel mora e treina com Cecília em Córdoba, na Argentina, mas defende o Corinthians há quase três anos e diz que se sente completamente acolhida pelo país.

Quando o assunto é Pan, no entanto, Kristel esconde o jogo. "Até o mês passado estava totalmente focada no Mundial, treinando apenas para os 1.500 m (que não é prova pan-americana), então estou muito fora de ritmo. Esse Troféu não é importante para o Pan, na Argentina teremos outras seletivas, então não tem problema", avaliou a chilena, que mesmo cansada, levou o terceiro lugar nos 800 m.

"Ah cada nadadora tem que fazer o seu índice, não fico nem prestando muita atenção, comparando meu tempo com os das outras. Preciso melhorar o meu e pronto", diz Kristel, que acha que o Brasil é favorito por disputar em casa.

"A chance de vocês (brasileiros) ganharem isso é muito grande, são muitas possibilidades, muitos atletas bons que estão inspirados. O Brasil tem mais é que aproveitar que Canadá e Estados Unidos devem trazer equipes B", diz Kristel, que considera a torcida um fator muito positivo para o país-sede. "Imagina como vai ser quando Thiago Pereira estiver nadando com a platéia lotada gritando?", brinca.

Tanto o Chile quanto a Argentina não usaram o Troféu Maria Lenk como seletiva para os Jogos Pan-Americanos do Rio; eles realizam ainda outras competições para definir suas vagas.