Sem Galindez, equipe argentina descarta medalhas no Rio

Os nomes dos seis integrantes da equipe de triatlo da Argentina para o Pan-Americano foram divulgados na última semana, sem incluir nenhum dos que moram no Brasil. Maria Soledad Omar, Ezequiel Morales e Oscar Galindez ficaram fora do time por não terem disputado as provas válidas para a seleção.

"Nós não participamos das provas da ITU (União Internacional de Triatlo) porque não temos dinheiro. Elas não interessam ao nosso patrocinador, e a federação argentina não banca nossas viagens", reclama Soledad, que esperou até o último momento para saber se o seu nome estava entre as convocadas.
Segundo ela, além da falta de apoio, há ainda outro problema. "Imagino que a federação não goste de nós que estamos no Brasil, porque nós criticamos muito e eles querem que a gente fique quietinho, na asa deles."

A opinião é compartilhada por Galindez, que não disputa provas pela federação de seu país desde o Pan de Santo Domingo-2003, quando levou o bronze. "Hoje o Ironman é minha prioridade, e é uma prova diferente da olímpica. Mas até seria interessante participar do Pan, só que, por questões políticas da Argentina, falta um projeto para fazer as viagens e somar pontos", diz.

"Até 2000, eu tinha uma verba que era uma esmola. Até para ir aos Jogos Olímpicos de Sydney, em 2000, tive problemas. E nos últimos três anos antes do Pan de Santo Domingo, minha verba foi zero. Decidi não tentar mais", completa.

Um dos principais nomes do triatlo na Argentina, Galindez vê com pessimismo a participação de seu país no Rio. "É uma equipe de meninos sem experiência. Mas eles querem mesmo pessoas mais jovens, fáceis de dominar. Ao contrário de mim; tudo que achar que está ruim, eu falo", afirma. "Seria um milagre algum deles conseguir medalha", completa.

O diretor técnico da seleção argentina, Enrique Bollana, diz não haver problemas com os atletas que moram no Brasil. "A relação é muito boa e nós também temos uma boa comunicação. O Galindez é um atleta muito bom, medalhista pan-americano, mas compete no Ironman, que não é uma prova apoiada pela federação", afirma.

O dirigente diz que as bolsas para atletas argentinos são voltadas para jovens talentos, com potencial para se desenvolver no esporte. Dos convocados no masculino, dois estão entre os beneficiados: Luciano Farias e Lucas Cocha.

Pamela Geijo, que estará no Pan, confirma que o tema apoio econômico para o triatlo na Argentina "é bastante difícil". Ela diz que poucas vezes o atleta consegue o dinheiro antes de uma viagem e, outras vezes, tem de pagar do próprio bolso.

"No meu caso em particular, não estou recebendo mensalidade este ano. Recebi até o ano passado, mas por falta de bons resultados em 2006, perdi minha bolsa", lamenta. "Espero recuperá-la par ao próximo ano, porque é muito difícil também conseguir empresas privadas para patrocinar os atletas", completa.

Ela também tem expectativas modestas para o Pan. "Sinceramente, não me animaria a arriscar um resultado. Meu objetivo é sempre fazer a melhor prova possível e tentar cometer a menor quantidade de erros. Não sei se a equipe argentina conseguirá medalhas. A possibilidade sempre existe, ainda que seja uma prova difícil e com atletas de muito bom nível."

Para Bollana, um bom resultado para a Argentina está longe do pódio. "Sinceramente, não aspiramos medalhas. Dependerá muito da prova, mas estimamos que se algum atleta ficar entre os dez primeiros já será bom."

Os brasileiros, preocupados com as feras dos Estados Unidos e Canadá, não se assustam com os argentinos. "O Galindez é um nome forte, que desequilibra no ciclismo, mas está fora. A equipe deles terá meninos que correm bem e têm um grande futuro, pois estão em evolução. Podem surpreender", avalia Virgílio de Castilho.

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