UOL Esporte - Pan 2007
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03/05/2007 - 15h21

Triatletas contam com fator "mando de campo" para vencer no Pan

Claudia Andrade
Em São Paulo

O fator "mando de campo" é usado pelos triatletas brasileiros como motivação para o Pan-Americano. Confiantes, os integrantes da equipe nacional prometem mais de uma medalha para o país nos Jogos.

VIRGÍLIO VÊ VANTAGENS NO RIO
ARGENTINA DESCARTA MEDALHAS
"A gente vai levar para a competição não só nossa preparação intensa, mas também o orgulho de representar o Brasil. E não vai vir só uma medalha para o país; virão medalhas do triatlo", destaca Mariana Ohata, que participará de seu terceiro Pan. "Estamos mais acostumados ao percurso, mas estaremos mais visados, por competir em casa. Mas ter a família e os amigos por perto será uma vantagem", completa.

Sua colega Sandra Soldan, tem a mesma opinião. "Eu sou carioca, então vai estar lá minha família, me apoiando, vai ser um Pan inesquecível. E pode saber que vai vir medalha aí no triatlo."

Apesar da empolgação, o histórico dos triatletas não é muito favorável em Pans e Olimpíadas. Nos Jogos de Santo Domingo-2003, o único a ganhar medalha foi Virgílio de Castilho, que ficou com a prata. Em Winnipeg-1999, Carla Moreno também levou a prata. E foi só. Nos Jogos Olímpicos, mesmo estando sempre entre os favoritos, os brasileiros nunca ameaçaram os medalhistas.

Se competir em casa é uma vantagem, a dificuldade para enfrentar os estrangeiros, especialmente norte-americanos e canadenses, continuará a ser o grande desafio. Ao contrário de outras modalidades, em que os EUA costumam participar com suas equipes B, no triatlo geralmente competem os principais atletas.

SOLDAN DE OLHO NAS RIVAIS
Até porque também está em jogo a classificação para as Olimpíadas. Os campeões no masculino e no feminino conquistarão vaga para Pequim-2008. "Tem também o Campeonato Mundial em setembro, mas o Pan é o caminho mais curto pras Olimpíadas, e essa classificação é muito importante", destaca Mariana Ohata.

Os triatletas prevêem exatamente uma briga entre Estados Unidos, Canadá e Brasil por medalhas. "Os norte-americanos vão tentar garantir a prova na natação e no ciclismo, mas se eles deixarem para a corrida, vai ser a nossa chance, porque somos fortes nesta prova. Aí, dá pra trazer medalha", afirma Virgílio.

"Das 15 melhores do mundo, cinco são dos Estados Unidos, então tem várias triatletas muito boas que vêm de lá. Mas nada impede que uma colombiana, por exemplo, surpreenda e puxe a prova de natação. Muitos atletas da América Central, que eram nadadores, também estão entrando forte no triatlo. Precisamos estar atentos à todos", completa Sandra Soldan.

Rankings
Os integrantes da equipe brasileira, que foi definida em novembro do ano passado, resolveram fazer treinos voltados totalmente para os Jogos. "Eu gosto de focar em um só objetivo, por isso, neste semestre estou totalmente voltado para o Pan", diz Virgílio.

Entre os selecionados pela federação argentina de triatlo, não há nenhum dos triatletas que treinam no Brasil. Até aí tudo bem. Acontece que a chance que os atletas que foram convocados têm de ganhar uma medalha é pouquíssima. Ou "um milagre", como afirmou o principal nome do triatlo argentino, mas residente no Brasil, Oscar Galindez. Maria Soledad Omar, que também escolheu o mar brasileiro para treinar, esperou até o último momento para saber se seu nome estava na lista: "Imagino que a federação não goste de nós que estamos no Brasil, porque nós criticamos muito e eles querem que a gente fique quietinho, na asa deles.", reclamou Soledad.
TRIATLETAS "ABANDONADOS"
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Por conta disso, o ranking americano da União Internacional não tem os três convocados nas primeiras posições. Virgílio é o 24º, Juraci Moreira, apenas o 58º. O melhor colocado é Antônio Marcos, em 14º.

Situação curiosa, já que outros brasileiros estão mais bem colocados. Danilo Pimentel é o vice-líder, atrás do mexicano Eligio Cervantes. Paulo Miyashiro é o 12º, seguido de Reinaldo Colucci.

"Está assim porque a gente não competiu. Depois a gente disputa uma prova e já sobe no ranking", explica Virgílio, que planeja sua participação no pré-olímpico de Islã Margarita, na Venezuela, em junho. "Lá também estará quente, o percurso é plano, semelhante ao Rio. Vai ser bom para pegar ritmo de competição, se bem que para mim isso não é essencial, porque eu posso simular algumas situações de competição nos treinos, que já dá resultado."

No feminino, Sandra Soldan e Mariana Ohata são as brasileiras melhor colocadas, respectivamente em 19º e 20º. Carla Moreno está na 67ª posição. Sandra planeja disputar algumas etapas da Copa do Mundo nos Estados Unidos como parte de sua preparação. Ela ficará 45 dias no Colorado, treinando em altitude. "Será bom competir para pegar ritmo de competição e também para observar as adversárias", diz.