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20/04/2007 - 09h22

"Canguru panamenho" ganha projeção e namorada no Brasil

Renan Prates
Em São Paulo

Com a marca de 8,56 m, (que desde o ano passado ainda não foi superada) o panamenho Irving Saladino, 24, é o "homem a ser batido" no salto em distância nos Jogos Pan-Americanos do Rio. Qual é o segredo do sucesso? O saltador acredita que melhorou muito desde 2004, quando veio treinar no Brasil, que agora é anfitrião do evento continental.

"Com os treinos aqui, passei a ser reconhecido mundialmente pelos resultados que conquistei", confessou Saladino, que está no Brasil devido a uma parceria da Iaaf (Federação Internacional de Atletismo) com a CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo), que possibilita que estrangeiros treinem no Centro de alto rendimento do Ibirapuera.

O saltador tem outro motivo para celebrar sua vinda. Por treinar no Ibirapuera, ele teve a chance de se aproximar da brasileira Keila Costa, especialista no salto em distância e no salto triplo. Os dois estão namorando há um ano e quatro meses.

"Desde a Olimpíada de Atenas, em 2004, eu me senti atraído por ela, mas nunca cheguei para conversar. No final de 2005, passamos a treinar juntos, o que facilitou as coisas", contou Saladino, que revelou também a sua tática de conquista. "No meu país, quando a gente dorme no ponto acaba perdendo a mulher. Por isso, não pensei duas vezes e me declarei logo".

Os dois treinam com o técnico Nélio Moura. Keila conta que recebe muitas dicas do namorado. "Ele opina sempre, me ajuda muito nos treinos. É muito bom", contou a saltadora, que tem o parceiro e o bicampeão pan-americano João do Pulo como ídolos no esporte.

Apesar do salto em distância masculino já ter um participante brasileiro (Rogério Bispo), Keila confessa que irá torcer para o namorado. "Torço para que o brasileiro ganhe prata ou bronze", desconversou.

Apesar de não morarem juntos, Saladino já tem planos para o casal. "Ele quer que eu vá morar com ele no Panamá e que a gente se case em 2013, depois da Olimpíada de Londres, quando ele quer se aposentar", conta Keila.

Apesar do sonho de voltar ao país-natal, Saladino se diz adaptado a São Paulo e ao Brasil. "Me dou bem com todo mundo aqui. Só não gosto da música brasileira. Prefiro hip hop, reggae e salsa, que são músicas da minha terra", confessou.

NAMORO E TREINOS
Ele estranhou a agitação de São Paulo. "Aqui é agitado de segunda a domingo, bem diferente de Colón (sua cidade natal) onde só tem agitação nos finais de semana. Confesso que estranhei um pouco".

Devido aos bons resultados conquistados em 2006, Saladino se tornou "embaixador do esporte" no Panamá. Ele admite que a pressão pela vitória no Pan é grande. "A torcida de lá é exigente. Eles querem que eu traga o ouro de qualquer jeito".

A idolatria gerou até um apelido dado pela imprensa panamenha: canguru. Mas ele não gosta da alcunha. "Canguru salta com duas pernas. Eu salto só com uma. E não sou nem um pouco parecido com um canguru".

Apesar do reconhecimento pelo talento, seu treinador ainda tem muito chão pela frente. "Ele desenvolveu uma boa preparação física e técnica que o deixou entre os melhores do mundo. Porém, ainda pode crescer muito mais", afirma Nélio Moura.

O saltador tem como ídolos o jogador de beisebol panamenho Mariano Rivera e o saltador cubano Ivan Pedroso. Mas sobre Pedroso, seu futuro adversário no Pan do Rio, Saladino faz uma ressalva. "A partir do momento que passei a ganhar dele, deixou de ser meu ídolo. Não queria que isso acontecesse, mas está acontecendo."

O panamenho diz ter sonhos a curto prazo, o que coloca os ouros no Pan no Mundial de atletismo como objetos de cobiça. Mas ele diz também seguir uma meta: "Quero quebrar o recorde mundial". Saladino, que tem como principal marca 8,56 m, está a 39 centímetros do seu objetivo (o norte-americano Mike Powell é o recordista da prova com 8,95 m).