UOL Esporte - Pan 2007
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29/01/2007 - 09h00

Softbol feminino do Brasil quer Bernardinho na torcida no Pan

Fernanda Brambilla
Em São Paulo

Pela primeira vez nos Jogos Pan-Americanos, a seleção brasileira feminina de softbol já faz seus planos para uma estréia em grande estilo. Entre as preocupações que tiram o sono das mais recentes atletas nacionais, mais do que a ansiedade por um bom desempenho e a responsabilidade de jogarem sob os holofotes da imprensa internacional está a expectativa de quem estará no banco da torcida.

Também no softbol, as brasileiras garantem que a rixa com as sul-americanas está presente e é bem marcante. No caso da seleção, o Pan já é ansiado pelo primeiro confronto, justamente contra as argentinas.

As brasileiras nunca tinham perdido para as argentinas até o ano passado, quando foram derrotadas no Pré-Pan da Guatemala. "O pior não foi nem o jogo em si, que foi acirrado como são todos os confrontos, mas a gozação depois. Elas ficaram debochando 'Cadê o orgulho de ser brasileiro, sumiu? Não vão mais cantar que são brasileiras, com orgulho? '", conta Marcinha. "Essa derrota está entalada na garganta, mas no Rio será hora de revanche."

Para a seleção, vencer o primeiro jogo é questão de honra, para acabar com a farra das rivais e ganhar ânimo na competição. "Será nosso jogo mais importante, ainda mais na estréia. Não vejo a hora de devolver o resultado", comentou .
ARGENTINAS "ENTALADAS"
Para essas meninas, que terão no Rio seu grande momento como profissionais, a presença ilustre não é o badalado Giba ou André Nascimento, nem a melhor boleira do mundo, Marta, nem algum outro atleta de ponta. A seleção torce para ser prestigiada por Bernardinho, técnico da seleção masculina de vôlei, grande ídolo incondicional das atletas.

"O maior sonho seria ver o Bernardinho assistindo a um jogo nosso", confirma Marcinha Mizushima, uma das mais experientes do time. "Claro que ele pode levar o time inteiro do masculino que a gente não acharia ruim", brinca. "Mas ele é um profissional excepcional e, além disso, é nosso exemplo de vida."

Até o Pan, as meninas, são conduzidas pelas rédeas curtas do treinador, Higashi Taketomi, que não têm tanto trabalho assim; as alunas são aplicadas, assíduas, compenetradas. Para elas, apesar de estarem em visível desvantagem frente às equipes profissionais e com mínima chance de avançar da primeira fase da competição, ver o torneio como uma "excursão de luxo" é idéia refutada por essas atletas.

"Vamos pra cima, não interessa se elas são boas, se jogam melhor, medo de derrota a gente não tem. Queremos mostrar o que é o softbol para o Brasil, o que é esse esporte, e mostrar que tem muita gente que pratica", se anima Camila Terumi, "à la Bernardinho".

Como boas representantes da colônia japonesa no país, já sentem o peso da responsabilidade de dar o exemplo para a comunidade.

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Já Maria Eliza optou por um enfeite no sorriso: piercing no dente o técnico deixa
"No softbol todo mundo se conhece. A comunidade é muito unida, e nossa ida ao Pan já está rendendo uma divulgação e, também, uma cobrança. Assim como os pais se orgulham de nós, esperam seriedade e garra", conta Layla Kosaka.

A partir da doutrina patriótica, a seleção encara os Jogos como a grande chance de divulgação do softbol. Para isso, o caminho não é nada glamoroso. Para as meninas, que treinavam aos finais de semana em clubes, as férias da faculdade se transformaram num intensivão rumo ao Pan. Em janeiro, a programação inclui três horas de treinos de campo pela manhã, e trabalho localizado em academia durante a tarde. Algumas poucas, já trabalhando, fazem um condensado à noite.

Estilo "moleque"
Apesar de não admitirem, outra grande preocupação do time de softbol é com a apresentação. "Faz diferença a aparência, principalmente para o adversário. Se estivermos bem vestidas, bem apresentadas, como uma equipe profissional, já ajuda bastante a sermos levadas a sério", justifica Juliana Shibata, a Guga, em tom sério.

Em outras palavras, o uniforme pode, sim, se tornar uma dor de cabeça. Em uma tentativa desastrada de modernizar a equipe, e na carona da seleção feminina de vôlei, as meninas aguardam ansiosas a chegada do uniforme oficial do Pan. E, ao contrário do que agradeceriam os marmanjos, que ele não seja justinho, feminino, mas à semelhança dos uniformes tradicionais, com blusa mais justa e o short apenas "um pouco acinturado", como preferem dizer.

"Em uma edição dos Jogos Sul-Americanos tivemos um uniforme que era justo, colado ao corpo. Algumas meninas até gostaram, mas a maioria ficou incomodada, apesar de elegante", comenta Simone Miyahira, capitã do time. "A melhor opção ainda é o mais soltinho, mais à vontade. De preferência, sem tirar as cores do Brasil, e com 'Brasil' escrito bem grande."

Compensando a postura "anti-marketing", as jogadoras já definiram seus artifícios de beleza para quando estiverem a postos. Como não podem usar brincos, pulseiras, ou qualquer apetrecho, e com o calor, que acaba com a chance de uma maquiagenzinha, o jeito é apelar para os detalhes.

"Vamos pintar as unhas de verde e amarelo, e cada dia vamos entrar em campo com um penteado diferente. Vale trança, rabinhos mais incrementados, com lacinhos coloridos. Até a suadeira combinando com a cor do uniforme. São detalhes que vão fazer toda diferença", analisa Maria Elisa Tanaka.