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03/10/2006 - 15h20

Sem renovação, CBTri confirma última seletiva para Pan

Bruno Doro
Em São Paulo

A Confederação Brasileira de Triatlo (CBTri) confirmou nesta semana que a etapa da Copa do Mundo de Cancun (MEX), no dia 5 de novembro, valerá como a última seletiva para o Pan-Americano do Rio de Janeiro, no ano que vem. Com a renovação da modalidade no país parada, porém, a equipe para 2007 deve ser muito parecida com a de 2003.

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Carla Moreno, Sandra Soldan e Mariana Ohata formam time brasileiro desde 1999
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Entre os homens, Juraci Moreira, Paulo Miyasiro e Virgílio de Castilho são veteranos
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Antonio Marcos e Ana Boccanera não são novatos e podem entrar no time brasileiro
PÁGINAS DE TRIATLO
O maior exemplo da ausência de novos nomes no esporte está entre as mulheres. Carla Moreno, 30 anos, Mariana Ohata, 27, e Sandra Soldan, 32, são referências no esporte desde o final dos anos 90. Sem concorrência, o trio defendeu o país no Pan de Winnipeg-1999, nas Olimpíadas de Sydney-2000, no Pan de Santo Domingo-2003 e nos Jogos de Atenas-2004.

Para o Rio, as três lideram o ranking para a formação do time. A única "intrusa" do grupo é Ana Cristina Boccanera, quarta do ranking. Aos 32 anos, porém, ela não é exatamente uma revelação. O caso é tão grave que especialistas temem que, nos próximos anos, o Brasil caia em um "buraco" de gerações.

"O triatlo é um esporte em que o atleta, para competir consistentemente entre os melhores, precisa de experiência. No triatlo feminino brasileiro, essas quatro atletas estão praticamente sozinhas, sem ninguém surgindo. Corremos o risco de, quando elas pararem, não termos representantes em competições como as Olimpíadas", analisa Leandro Macedo, que se aposentou da seleção brasileira em Atenas de 2004 e hoje coordena um centro de treinamento em Brasília.

Segundo ele, o grande problema é o número de praticantes. "Atrair uma mulher para o triatlo é difícil. O esporte é exigente. Com os homens, isso é um pouco mais fácil. A base de praticantes é muito menor no feminino do que no masculino. Acho que, as próximas triatletas de elite do país só vão começar a aparecer em oito anos".

No masculino, o caso é um pouco menos grave. Com a aposentadoria de Macedo, após a Olimpíada de Atenas, no ano passado, o Brasil perdeu sua maior referência na modalidade. Mesmo assim, no Rio 2007 as caras do time brasileiro continuarão conhecidas.

Juraci Moreira, 27, é o atual líder do ranking, e deve disputar seu primeiro Pan-Americano no Rio. O triatleta, porém, está entre os melhores do Brasil há bastante tempo. Ele perdeu a vaga em Santo Domingo-2003 nas últimas seletivas, mas foi às Olimpíadas de Atenas.

Logo atrás no ranking para o Rio 2007 está Virgílio de Castilho, 31, que competiu em Santo Domingo. O cearense Antonio Marcos é o terceiro, mas, como Boccanera, aos 28 anos não é mais uma promessa do esporte. Paulo Miyasiro, veterano de Santo Domingo-2003 e Atenas-2004, é o quarto colocado.

"Esse é, basicamente, o time para Pequim e, provavelmente, para 2012 também. Eu vejo alguns triatletas mais jovens que podem se tornar grandes atletas, mas ainda estão muito no início da carreira. Às vezes, o triatleta desponta como revelação, mas não consegue se manter entre os melhores justamente por causa da falta de experiência", explica Macedo.

No ranking brasileiro, o melhor novato no cenário é Danilo Pimentel, paraense de 19 anos. Quinto no ranking, ele venceu o Pan-Americano de Viña del Mar, no Chile, e foi terceiro no Brasileiro. Leandro Macedo aponta também Bruno Matheus, santista, como grande promessa. Os dois porém, ainda tem um caminho muito longo a percorrer.

"A partir de 2010 um atleta como o Bruno, que tem 19 anos, pode começar a brigar por uma vaga na equipe brasileira. Mas o auge de um triatleta fica mais ou menos entre 26 e 30 anos. Então, as coisas ainda vão demorar um pouco para acontecer", diz.

Os dois já são fruto do trabalho que a CBTri está fazendo em Vila Velha, no Espírito Santo. Em 2005, o Centro Nacional de Treinamento de Triatlo (CNTT) foi criado para justamente abrigar as promessas do esporte. Atualmente, oito atletas de 17 a 21 anos estão treinando no local. Antonio Marcos também está fazendo sua preparação para Cancun no CT, como convidado.

"Acho que o trabalho que está sendo feito é bom. Estamos no caminho certo. Depois que o triatlo virou um esporte olímpico, o número de praticantes aumentou, mas ainda temos muito tempo pela frente", completa Macedo.