Cuba encosta e ameaça o Brasil. A esperança está nos esportes coletivos

Fabio Aleixo e José Ricardo Leite

Do UOL, em Toronto (CAN)*

  • William Lucas/inovafoto

    Brasil em duelo contra Cuba pelo vôlei masculino do Pan

    Brasil em duelo contra Cuba pelo vôlei masculino do Pan

Ao longo dos 15 dias de Jogos Pan-Americanos, o Brasil ficou quase o tempo todo com mais medalhas de ouro do que a tradicional segunda potência das Américas, Cuba. Mas, neste sábado (25), tem boas chances de ser ultrapassado e terminar a competição de Toronto novamente atrás da Ilha de Fidel Castro e aumentar para 52 anos o tabu de não saber o que é ficar à frente do país caribenho. E a virada pode vir com a tradicional "mina de ouros" cubana, o boxe.

Os brasileiros, em terceiro no quadro, atrás de Estados Unidos e do anfitrião Canadá, chegaram a ter 10 medalhas de ouro a mais que Cuba esta semana. Mas, na noite de sexta-feira, após cinco finais com cubanos no boxe, a diferença caiu para apenas quatro (35 a 31). E, neste sábado, o país da América Central fará mais cinco finais no esporte.

O boxe sempre foi o mais tradicional polo de ouros de Cuba tanto em Pans quanto em Olimpíadas. Nos Jogos de Guadalajara, por exemplo, arremataram nove de dez ouros em disputa. Na Olimpíada de Londres, foram dois dos cinco ouros. Nos Jogos de Barcelona-1992, no auge do esporte do país, chegaram a levar sete ouros.

Com os Estados Unidos soberano e o Canadá muito forte em casa, ficar à frente de Cuba é algo que pode amenizar a decepção brasileira nos Jogos, embora o COB ressalte que não há nenhuma disputa pra ficar à frente de uma ou outra nação. E, na avaliação do comitê brasileiro, mais vale no quadro medalhas o número total do que só ouros, com a alegação de que assim se vê a evolução de cada esporte dentro do país. Nesse quesito os brasileiros goleiam: são 124 a 87 no total.

"Não temos adversário a bater. Nosso conceito é superar a melhor performance. Se for (bater) Cuba...o Canadá em casa vai ter obviamente a melhor performance da história deles. Cuba tem mais medalhas em esportes individuais. Nossa meta não é ficar à frente ou atrás de alguém. O que queremos dizer é que estar em uma final de atletismo, semifinal, final", falou Bernard Rajzman, coordenador da equipe brasileira.

Se Cuba tem a "mina de ouro" do boxe, os brasileiros ainda tem outras disputas até domingo que podem render medalha de ouro, sobretudo no esportes coletivos. Está na final do handebol, vôlei e basquete masculino e vôlei feminino. No atletismo, existe boa expectativa no revezamento 4 x 100 masculino, além de duas finais no tênis de mesa. O karatê também pode arrematar com algum ouro com um de seus quatro representantes.

Na maratona, que abriu as competições deste sábado e onde o Brasil também estava entre os favoritos, nenhum representante do país subiu ao pódio. Ubiratan dos Santos foi o 13º colocado, o último entre os competidores que terminaram a prova. Já Franck Caldeira sentiu uma lesão e abandonou a prova no meio. E pior: um cubano, Richer Perez, ficou com a medalha de ouro, derrubando a diferença de medalhas douradas entre as duas nações para apenas três. "Prefiro ser o último do que abandonar", afirmou Ubiratan.


Cuba em queda no esporte

Desde que Fidel Castro tomou o poder em Cuba, no final da década de 1950, o esporte teve uma evolução notável no país, que agora vive uma ditadura de mais de 50 anos. Só perdeu para os brasileiros em número de ouros em 1963 e 1967 quando o novo sistema educacional ainda se desenvolvia na ilha. Os Jogos de Winnipeg, em 67, no Canadá, foram os últimos em que os brasileiros tiveram mais títulos que os cubanos.

Depois, foi só lavada. Cuba superou o Brasil em nove Pans seja em títulos, seja em total de pódios, critério adotado pelo COB (Comitê Olímpico do Brasil). Isso apesar de ser um país de 11 milhões de habitantes contra 204 milhões de brasileiros. Em geral, tem delegações menores e bem mais vencedoras.

Mas o esporte cubano tem sofrido nos últimos 15 anos com deserções de atletas e queda de investimento. No mesmo período, o Brasil teve o crescimento do dinheiro para o esporte de alto rendimento desde a criação da Lei Agnelo Piva em 2003. Agora, vive o momento de maior quantidade de recursos às vésperas das Olimpíadas Rio-2016. Resultado: nos dois últimos Pans, o Brasil superou Cuba em número de medalhas, mas continuou atrás em ouros. Agora, tem oito de frente, enquanto os cubanos estão em quinto atrás da Colômbia.

* Atualizada às 10h58

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