Toronto importa para o Rio? Quase 80% das medalhas olímpicas vieram do Pan

Bruno Doro

Do UOL, em Toronto (CAN)

  • RICARDOBUFOLIN/CBG

    Arthur Zanetti exibe a medalha de ouro conquistada nas argolas em Toronto: ele já fez a dorbradinha Pan-Olimpíada em 2012 (prata em Guadalajara-2011 e ouro em Londres-2012) e pode repetir o feito no Rio-2016

    Arthur Zanetti exibe a medalha de ouro conquistada nas argolas em Toronto: ele já fez a dorbradinha Pan-Olimpíada em 2012 (prata em Guadalajara-2011 e ouro em Londres-2012) e pode repetir o feito no Rio-2016

Tem gente que acha que os Jogos Pan-Americanos não importam. Olham para o time de basquete dos EUA com jogadores universitários, para a delegação de atletismo da Jamaica sem Usain Bolt ou, mesmo, para a natação brasileira sem Cesar Cielo (que preferiu se preparar para o Mundial na Europa) e aproveitam para criticar o nível do evento que está sendo realizado em Toronto, no Canadá.

O problema é que o Pan importa, sim, para os atletas. Quem sobe ao pódio um ano antes chega às Olimpíadas muito mais confiante, com mais chance de conquistar uma medalha. A prova disso está no histórico dos dois eventos. Desde 1951, quando foi disputado o primeiro Pan da história, em Buenos Aires, quase 80% das medalhas olímpicas brasileiras surgiram no evento continental.

O UOL Esporte comparou a lista de medalhistas dos Jogos Pan-Americanos e das Olimpíadas que seguiram e descobriu que, em 73 medalhas olímpicas que o Brasil conquistou de 1952 a 2012, há correspondência. Ou seja: na prova em que o Brasil comemorou uma glória olímpica, no Pan anterior o país também subiu ao pódio no mesmo evento.

Foi assim com Arthur Zanetti na ginástica artística (prata no Pan-2011 e ouro em Londres-2012), Yamaguchi Falcão no boxe (prata em 2011, bronze em 2012), Felipe Kitadai no judô (ouro em 2011 e bronze em 2012), Yane Marques no pentatlo moderno (prata em 2011 e bronze em 2012), Maurren Maggi no atletismo (ouro em 2007 e 2008), Gustavo Borges na natação (ouro em 1991 e bronze em 1992), Torben Grael na vela (ouro em 1983 e prata em 1984)... Sem contar Joaquim Cruz, João do Pulo, Nelson Prudêncio ou Adhemar Ferreira da Silva...

E para pode pensar que 73 está bem longe de representar 80% das 108 medalhas que o Brasil tem em Olimpíadas, valem alguns alertas. O primeiro Pan foi disputado em 1951. Com isso, as medalhas conquistadas até 1948 não entram na conta. São quatro, com o time masculino de basquete em Londres-48 e as três dos atiradores brasileiros de 1920 (o ouro de Guilherme Paraense, a prata de Afrânio da Costa e o bronze por equipes).

Além disso, é bom lembrar que nem todas as medalhas olímpicas conquistadas pelo país poderiam ter seu equivalente nos Jogos Pan-Americanos. Tirando da conta, também, os dez casos em que isso acontece, o Brasil tem 73 dobradinhas em 94 medalhas possíveis. São 77,6% das medalhas olímpicas surgindo no Pan.

Sobre as exceções, nove delas são na vela, em que nem sempre as classes do Pan costumam ser iguais às olímpicas. Torben Grael, por exemplo, só conseguiu fazer essa dobradinha de pódios uma vez. Na classe Soling (ao lado de Daniel Adler e Ronaldo Senft), ele foi ouro em 1983, no Pan de Caracas, e prata nas Olimpíadas de Los Angeles-1984. Já em 1987 e 1988, até subiu no pódio duas vezes. Foi bronze na Soling no Pan e prata nas Olimpíadas, mas na classe Star (com Nelson Falcão como proeiro). No Pan, os medalhistas da Star foram Gastão Brun e Carlos McCourtney.

A outra exceção é o judô. Em 1971, a modalidade não foi disputada nos Jogos de Cáli. Um ano depois, Shiaki Ishii conquistou a primeira medalha olímpica para o Brasil nos tatames, um bronze.

Portanto, antes de dizer que os Jogos de Toronto não velam muita coisa, pense duas vezes. A maioria dos atletas responsáveis pelas 102 medalhas que o Brasil ganhou no Canadá (até o início desta terça-feira - 21) está aumentando suas chances de brilhar no Rio-2016.

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