Agulha de crochê na cabeça e tatoo para mancha. A vaidade brasileira no Pan

Fábio Aleixo

Do UOL, em Toronto (CAN)

  • Arte/UOL

Ao entrar em quadra, cair na piscina, pisar no tablado ou no tatame, os brasileiros que disputam o Pan não se preocupam apenas em correr atrás do melhor resultado e brigar por medalhas. Eles também querem passar uma boa imagem. Ser vaidoso, cuidar do corpo e do visual faz parte da rotina de diversos que representam o Brasil no Canadá. Exemplos não faltam na delegação brasileira. 

O time de handebol é um bom expoente disso, principalmente com Fábio Chiuffa e Oswaldo Guimarães. Os dois ostentam uma longa cabeleira rastafari que chama a atenção de todos. E cuidar do cabelo não é tarefa tão simples assim para os atletas, que perdem um bom tempo dando um trato no visual.

"Eu faço o penteado com agulhas de crochê, vou enfiando no cabelo e dando uns nós. Aqui na Vila (Pan-Americana), antes de ir dormir eu sempre mexo no cabelo, dou uma apertada e já era. Faço uns três quatro por noite, porque se for para fazer tudo levo muito tempo. E o cuidado é constante. Eu só lavo o cabelo duas vezes por semana porque se não estraga todo o penteado, e para secar também é complicado", disse Chiuffa, que tem a vasta cabeleira há cinco anos.

O companheiro Oswaldo, que tem os dreads há mais de dez anos, abandou as agulhas de crochê depois de tanto perdê-las. Todo o trabalho é manual.

Outro que chama a atenção pelo penteado exótico é o líbero da seleção de vôlei Tiago Brendle.

"Eu tinha um cabelo muito grande e resolvi mudar. Posso dizer que é uma mistura de moicano com samurai. Foram estas minhas principais inspirações e gostei do resultado. É um visual que tem feito bastante sucesso tanto no Brasi quanto no exterior e a mulherada também tem gostado bastante. Só tenho ouvido opiniões positivas", disse o jogador de 26 anos, que também tem várias tatuagens pelo corpo.

Cuidar bastante do cabelo é também quase que um ritual sagrado para Caio Souza, ginasta brasileiro que ganhou a medalha de prata por equipes e o bronze no salto. O topete virou uma marca registrada sua.

"Como vou aparecer na TV, vale a pena ficar arrumado. E também se não passasse gel ia ficar muito ruim, porque meu cabelo é muito grande. Mas eu faço o penteado rápido. Não me atrapalha em nada, só uso bastante gel (risos)", disse.

Em esportes um poucos mais brutos o cuidado com o corpo e a aparência também são levados a sério. Um exemplo disso é Aline Silva, vice-campeã mundial de luta olímpica e medalhista de bronze em Toronto. Ela, que é esteticista, possui diversas tatuagens em sua perna.

"Fiz as estrelinhas para cobrir manchas que tinha na perna. Eram manchas de alergia por causa da lâmina que usava para me depilar. Nasceram muitas feridas. Eu fui tratar, ficou manchado e tudo branco. E mancha de tratamento estético não sai nunca. Daí eu fiz uma estrelinha para cada mancha, para você ver que eu tinha mancha para caramba ali. Nunca contei quantas estrelinhas eu fiz. Agora, eu não gosto mais delas. Estou pensando em mudar e fazer outro desenho no lugar. Quem sabe para os Jogos Rio-2016 eu faça os aros olímpicos. Vamos aguardar", disse a lutadora.

Mas o cuidado estético nem sempre está ligado apenas à vaidade. Caprichar no visual pode acabar ajudando na hora da competição. E Angélica Kvieczynski, atleta da ginástica rítmica, sabe que caprichar na maquiagem é importante para impressionar os árbitros e conseguir uma melhor nota em suas apresentações.

"No dia a dia, eu não uso muita maquiagem. Mas para a competição fica mais bonito, marca mais a expressão e isso faz uma diferença grande", disse a ginasta que leva cerca de cinco horas para se preparar para entrar no tablado, entre se maquiar e fazer o aquecimento.

"Gosto de fazer a maquiagem com calma, sem pressa", contou Angélica.

Na natação, por causa, da água não dá para se arrumar tanto. Mas a atleta Manuella Lyrio sempre nada com unhas postiças. E ela explica o motivo.

"Eu sinto que nado mais rápido com a unha maior porque consigo deslocar mais água. É a única coisa diferente que faço para competir. Mas no dia a dia, não costumo ser muito vaidosa", contou ela, que ganhou uma medalha de bronze nos 200m livre e uma prata no revezamento 4x200m livre.

Também nadadora, Joanna Maranhão diz não ser vaidosa. Mas sempre gosta de cair na piscina com um brinco pequeno que não a atrapalhe. Em Toronto, compete com um que leva a bandeira do Brasil.

Colaborou Daniel Brito

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