Thiago Pereira se torna rei dos Pans e tem tratamento similar ao de Phelps
Fábio Aleixo
Do UOL, em Toronto (CAN)
O brasileiro Thiago Pereira é o maior medalhista da história dos Jogos Pan-Americanos. Ele faturou sua 23ª medalha na competição na noite deste sábado (18) e agora deixou para trás o ginasta cubano Erick López, que já se aposentou, se isolando como o atleta que mais vezes foi ao pódio.
E Thiago deve esse recorde também aos seus companheiros. A 23ª medalha foi no revezamento 4x100m medley, um ouro. Mas o recordista não nadou a final. Ele esteve na piscina apenas nas eliminatórias, pela manhã.
Por não ter nadado a final, Pereira ganha a medalha, mas não subiria no pódio. A organização do Pan, porém, resolveu quebrar o protocolo e permitir que ele fosse ao pódio sozinho. E ainda permitiu que seus companheiros de equipe fossem abraçá-lo.
O mesmo protocolo aconteceu com o nadador americano Michael Phelps, quando ele se tornou, em Londres-2012, o recordista de medalhas dos Jogos Olímpicos.
Os responsáveis pela conquista nesta noite foram Arthur Mendes, Marcelo Cherighini, Guilherme Guido e Felipe França. Com o tempo de 3min32s68, eles quebraram o recorde pan-americano e superaram os EUA (3min33s63) e o Canadá (3min34s40).
"É uma prova de muita adrenalina, muita emoção, coloca sua alma, tudo que você tem. Essa plateia gritando fica até um pouco difícil de ficar prestando atenção, mas com esse time abrindo para mim ficou mais fácil. Muito orgulhoso do time Brasil e acho que está indo forte para as Olimpíadas", disse Marcelo Chierighini.
Antes de ficar na torcida, Thiago caiu na piscina na prova dos 200m medley minutos antes para conquistar sua 22ª medalha, de prata. Ele completou a distância em 1min57s42, sendo superado por Henrique Rodrigues. O compatriota anotou o terceiro melhor tempo do ano para assegurar o ouro: 1min57s06.
"Infelizmente não ganhei o ouro, mas consegui o meu grande objetivo que era alcançar este recorde. O Henrique fez um grande tempo, o melhor da vida dele. Mas faz parte não conseguir o ouro, nada vai mudar por causa disso. Fui prata, mas com o Brasil em primeiro", disse.
Porta-bandeira do Brasil na cerimônia de abertura dos Jogos na última semana, Thiago precisou de quatro Pans para igualar a marca de López. A primeira de suas medalhas foi em Santo Domingo-2003, quando foi bronze nos 400m medley.
O número poderia ser maior se não fosse a desclassificação na prova dos 400m medley em que ganhou a competição, mas perdeu a medalha por não ter batido as duas mãos na virada do estilo peito para o livre.
O nadador ainda pode ostentar o status de maior medalhista em Toronto ao lado da ginasta canadense Ellie Black, com cinco pódios.
Thiago Pereira poderá ir além daqui a quatro anos, em Lima. Ele ainda não decidiu se estará nos Jogos Pan-Americanos do Peru. "Sempre faço meus ciclos pensando de quatro em quatro anos e ele se encerra no Rio, em 2016. Tem muita coisa para acontecer. Não falo que vou estar, nem que não vou estar (em Lima)", falou.
O currículo de Thiago em Pans agora tem 15 medalhas de ouro, quatro de prata e outras quatro de bronze. Ele alcançou este feito em um intervalo de 12 anos, sendo que seu primeiro Pan foi em Santo Domingo-2003, quando tinha somente 17 anos de idade.
"Este recorde não veio da noite para o dia. Foi construído ao longo dos anos", afirmou o novo Mr.Pan.