Brasil leva mais 2 ouros no tiro, e militar sobe ao pódio sem continência

Bruno Doro*

Do UOL, em Toronto (CAN)

O Brasil conquistou dois ouros no tiro esportivo nesta sexta-feira (17) no Pan-Americano de Toronto com dois atletas militares de carreira. Júlio Almeida, ouro na pistola 50m, é tenente-coronel da Força Aérea. Cássio Rippel, campeão da carabina deitado 50m, é major do Exército. No pódio, porém, os dois tiveram comportamentos diferentes.

Júlio colocou a mão sobre o coração, gesto que repete em todas as provas que vence desde 1994. Cássio prestou continência, como muitos atletas militares estão fazendo no pódio em Toronto. Isso, porém, não é um ponto de discordância entre os dois atiradores.

"Não vejo problema em prestar continência. Mas não vejo obrigação também. O regulamento prevê que só se presta continência fardado. E vestir uniforme civil não é estar fardado", explicou Júlio. "Mas não também não está errado. Alguns atletas aqui estão prestando. Eu não costumo prestar. Coloco a mão no coração. É uma coisa minha".

"Sou major do Exército Brasileiro e vou prestar continência à bandeira. Não é necessário. Mas é uma reverência. Está previsto no regulamento de continência. E acho lindo", falou Rippel. "Quando estou competindo pelo Brasil, com o uniforme, levo junto comigo toda a delegação brasileira e todo o Brasil. Represento a nossa pátria".

Com ou sem continência, porém, os dois tiveram quase perfeitos nesta sexta. Júlio foi o primeiro a vencer. E com o ouro, completou a sua coleção de medalhas. Ele tinha um bronze na mesma prova em Guadalajara-2011 e mais dois pódios na pistola de ar 10m, bronze em 2011 e prata-2011.

"O resultado da final não foi dos melhores. Todos estavam muito nervosos, mas consegui me controlar um pouco mais no final", conta. "Foi uma prova muito forte. Os americanos estão sempre entre os melhores do mundo e o cubano, que ficou com a prata, acaba de ganhar uma etapa da Copa do Mundo".

Com o resultado, Júlio garantiu a presença do Brasil na pistola 50m nos Jogos Olímpicos do Rio. "Agora, poderei me preparar com tranquilidade. Não vou ter de treinar para uma Copa do Mundo, para somar pontos. Posso fazer todo o trabalho pensando nas Olimpíadas".

Bruno Doro/UOL
Diferentemente de Julio Almeida, Cassio Rippel (c) prestou continência no pódio
Cassio Rippel também disputou uma final de alto nível. Ao seu lado no estado de tiro estava o norte-americano Michael McPhail, atual líder do ranking mundial. "Ele ganhou as duas últimas Copas do Mundo. Eu fui 17º na primeira e 5º na segunda. Ele é um atleta sensacional e sabe o que estava fazendo. Por isso, eu precisava de muita concentração".

Rippel dominou toda a disputa na carabina deitado 50m na etapa de classificação e transferiu o desempenho perfeito para a final. Com o total de 207,7 pontos, conseguiu garantir o ouro. A prata ficou com McPhail (205,5). O bronze foi conquistado pelo canadense Michel Dion (183,8). "Meu objetivo era entrar focado. O bom do tiro é que sou eu contra eu mesmo. Entrei para fazer meu melhor.  Se esse melhor foi suficiente para ser campeão, melhor ainda".

* Atualizada às 18h

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