O desempenho foi bem abaixo de um atleta de alto rendimento, mas isso não importa para Frantz Dorsainvil. O dia 17 de julho de 2015 ficará marcado na memória desse haitiano de 34 anos que sonhava em sair de seu país e um dia competir em uma prova internacional.

O nadador participou da segunda bateria dos 50 m livre dos Jogos Pan-Americanos e fez uma marca bem ruim: cravou 33s83, o último colocado, disparado. Para se ter uma ideia, o vencedor da bateria, o americano Josh Schneider, anotou 21s97. O recorde mundial, do brasileiro Cesar Cielo, é 20s91.

Incomodado com o tempo próximo do amadorismo? Jamais. Ele estava era muito feliz, curtindo o Pan. Junto de seu agasalho, vários pins de diferentes delegações como mostra de que aproveita o momento. "Participar de uma competição como essa é um sonho. Eu sempre trabalhei pra estar em Jogos de grande porte", falou após a prova.

Dorsainvil treina em condições difíceis e não tem piscina no Haiti. Faz as atividades em uma marina, área fechada com água do mar. "A natação lá sobrevive graças à paixão de quem pratica. Não reconstruíram a piscina olímpica", falou, sobre os a única piscina que havia no local, destruída pelo terremoto de 2010 que devastou o país.

A chefe da missão do Haiti, Marie Monique Andre no entanto, diz que a única piscina que existia estava em construção e nem finalizada estava. Ela explicou que a maioria dos atletas haitianos que fazem sucesso treinam fora do país, sobretudo nos Estados Unidos.

Curioso que o tempo de 33s84 feito pelo haitiano é bem abaixo do que o aparece no Pan como a marca que o credenciou a participar da natação. No boletim informativo da competição, aparece como 26s07. Questionado sobre a diferença de quase oito segundos, se esquivou. "É muito, muito difícil treinar e fazer parte de uma competição como essa."