Felipe França é bicampeão com 1ª dobradinha do país; Fratus é prata
Fábio Aleixo
Do UOL, em Toronto (CAN)
Em um dia dourado para o Brasil, Felipe França tornou-se bicampeão do Pan nos 100m peito com uma nova dobradinha com Felipe Lima. Foi o segundo ouro de um dia especial, que começou com Etiene Medeiros ganhando a primeira prova do país na natação feminina. Além deles, Guilherme Guido levou prata nos 100m costas e Leonardo de Deus foi bronze nos 400m livre. Bruno Fratus, apesar do favoritismo, ficou com a prata na última disputa do dia.
Felipe França confirmou seu favoritismo e venceu os 100m peito no Pan de Toronto com direito a recorde da competição e dobradinha com Felipe Lima, a primeira do Brasil na competição.
França venceu com o tempo de 59s21 e bateu de novo o recorde pan-americano pela segunda vez no dia. A primeira havia sido pela manhã, nas eliminatórias, com o 59s84. A marca da final dá ao nadador brasileiro o terceiro melhor do ano, o que o coloca na briga por uma medalha no Mundial de piscina longa de Kazan, na Rússia, principal torneio do ano, que será disputado em duas semanas.
"Está entre as três melhores marcas do mundo. Tenho de agradecer a Deus, que me guiou. Não acabou ainda, tem revezamento amanhã e o Mundial", disse Felipe França ao Sportv.
Essa é a melhor prova olímpica do nadador, que é um especialista nos 50m peito, com direito a três títulos mundiais na distância (2011, em piscina longa, e 2010 e 2014, em piscina curta).
O problema é que os 50m peito não estão no programa olímpico. Por isso, o desafio de Felipe França é repetir nos 100m o seu nível de desempenho na distância mais curta. No Pan, ele é dominante. Esse é o segundo ouro do nadador no torneio, já que ele havia sido campeão em 2011, em Guadalajara.
O veterano Felipe Lima foi o outro brasileiro na disputa. Ao lado do xará França, ele repete a dobradinha que dominou os 100m peito há quatro anos, em 2011, no Pan de Guadalajara. Na ocasião os dois venceram ouro e bronze da mesma forma.
50m livre masculino
Sem a presença de César Cielo, que não foi ao Pan, Bruno Fratus era o favorito para a conquista da medalha de ouro. Só que o brasileiro não foi bem na prova mais rápida da natação. Largou mal e, apesar de ter chegado a assumir a primeira posição, perdeu a disputa para o americano Josh Schneider.
"Desde que vim aqui sabia que não estaria no meu auge. Ainda estão faltando ajustes finais, mas é mais uma medalha para o time Brasil. Infelizmente não foi o ouro nem o tempo que gostaria. Mas frustrado não estou", disse Fratus ao UOL Esporte.
A prata inesperada completou um dia turbulento para o brasileiro. Mais cedo, nas eliminatórias, ele teve sua performance atrapalhada por um anúncio de partida "apressado" do juiz de largada. Nicholas Santos, que estava na mesma bateria que Fratus, acabou sendo atrapalhado pelo equívoco e foi eliminado.
100m costas masculino
Na prova que poderia ter dado mais uma medalha a Thiago Pereira, que preferiu se poupar, Guilherme Guido fez bonito. O brasileiro fez 53s35, ganhou a prata e entrou na lista de dez melhores tempos do ano na prova. Só não levou porque na raia ao lado tinha Nicholas Thoman, norte-americano que foi medalhista de prata em Londres, em 2012, justamente na mesma prova.
"Foi muito bacana. Dou os parabéns ao americano, que não é qualquer um. Falei para ele: 'Foi divertido nadar a prova com você, me ajudou a abaixar o tempo", disse Guido ao Sportv.
É a terceira medalha pan-americana do nadador, que em 2011, em Guadalajara, foi ouro nos 4x100m medley e bronze nos 100m costas. Mais que o pódio, no entanto, o que agradou Guido foi a marca alcançada, sua melhor desde a proibição dos trajes tecnológicos em 2009.
"É um tempo melhor do que o esperado. Fiquei com o gostinho do ouro, mas foi prata. Comemorei mais pelo tempo do que pela medalha. Agora é treinar para nadar 52s que é medalha olímpica", previu Guilherme Guido ao UOL Esporte.
400m livre masculino
Leonardo de Deus sentiu o peso da prova mais longa e teve de se contentar com o bronze em uma disputa em que não teve um grande desempenho. Seu tempo na final foi só um segundo mais baixo que o da eliminatória e por pouco não o deixou de fora do pódio. Depois de ter saído na frente, ele sustentou o terceiro lugar até bater os 300m, quando foi ultrapassado e teve de apertar o ritmo no fim para recuperar a posição.
"Não estava muito bem. No aquecimento já tinha dito para o meu técnico que hoje ia ser difícil. Não estava me sentindo bem até pelo cansaço, a sequência de provas. Não é minha principal prova, então saio satisfeito. Agora é descansar para o Mundial", disse Leonardo de Deus ao Sportv, referindo-se à competição mais importante da temporada, que começa em duas semanas.
Em defesa do brasileiro, o campeão da disputa foi o favorito da prova, o canadense Ryan Cochrane. Duas vezes medalhista olímpico nos 1500m, o experiente nadador venceu a disputa com o norte-americano Ryan Feeley com alguma dificuldade, mas conseguiu garantir o ouro diante de sua torcida.
400m livre feminino
Em busca de sua terceira medalha em Toronto, Manuella Lyrio brigou pelo terceiro lugar no pódio até o fim, mas não conseguiu bater as rivais mais experientes, embora tenha feito o melhor tempo de sua carreira (4min10s92). A nadadora, que já levou bronze nos 200m livre e prata no 4x200m livre, chegou a passar os 300m na terceira colocação, mas foi ultrapassada na reta final.
"Melhorei meu tempo. Queria estar no pódio. Senti um pouquinho, a americana [Gillian Ryan, que ficou com o bronze] veio me buscando e não reagi muito. Mas foi muito bom, recorde brasileiro, estou satisfeita", disse Manuella Lyrio ao Sportv.
O ouro ficou com Emily Overholt, que liderou de ponta a ponta e se recuperou do baque da última quinta, quando venceu os 400m medley, mas perdeu a medalha por uma suposta irregularidade em uma das viradas, em um caso muito parecido com o de Thiago Pereira. "Eu queria muito me recuperar depois de ontem. Queria muito vencer e estou muito feliz", disse a canadense.
100m peito feminino
Jhennifer Conceição e Beatriz Travalon foram as representantes do Brasil na prova mais complicada do dia para o Brasil. Jovens, as duas foram para a final com dois dos piores tempos das eliminatórias e tiveram poucas chances. Beatriz ficou com a modesta sexta colocação, enquanto Jhennifer foi desqualificada por um movimento irregular.