Brasil conquista três bronzes no judô em menos de 1h no Pan
Bruno Doro
Do UOL, em Toronto (CAN)
O Brasil conquistou três medalhas de bronze no judô em menos de uma hora nos Jogos Pan-Americanos nessa segunda-feira. Mariana Silva e Maria Portela, entre as mulheres, e Victor Penalber, no masculino, venceram suas respectivas disputas de terceiro lugar.
O judô é o esporte que mais medalhas já deu para o Brasil nos Jogos Pan-Americanos de Toronto até agora, com nove pódios. A modalidade já rendeu três ouros (Tiago Camilo, Érika Miranda e Charles Chibana), uma prata (Felipe Kitadai) e cinco bronzes (Rafaela Silva , Nathália Brígida, Mariana Silva, Maria Portela e Victor Penalber). Só um atleta da delegação até agora, o meio-leve Alex Pombo, ficou fora do pódio.
Mariana Silva, a judoca que fala japonês, é bronze
Quem já tentou aprender japonês sabe: é muito difícil. Mariana Silva fala japonês. Graças ao judô – e sua vontade de vencer no esporte. No lugar de ficar no conforto da família, treinando no Brasil à procura da evolução que poderia não aparecer, ela foi para o país que inventou a modalidade que escolheu praticar.
Passou cinco anos no Japão, treinando com os melhores do mundo. Voltou ao Brasil em 2010. Mais cinco anos e veio sua conquista mais importante: o bronze no Pan-Americano de Toronto, na categoria até 63kg, nessa segunda-feira. Apesar da vitória, não era exatamente a medalha que as pessoas esperavam.
"Fica a experiência. Mostrou que eu ainda preciso treinar mais. É ruim sair de campeonato sem medalha. Qualquer medalha que seja, é positivo", avaliou Mariana Silva após a medalha de bronze. "Próximo passo é o Mundial e eu vou focar nisso", concluiu.
Mariana chegou ao Canadá como a atleta mais bem ranqueada do torneio: 12º lugar. Mas foi derrotada na semifinal pela canadense Stefanie Tremblay, apenas a 58ª da lista – até o ano passado, Stefanie estava uma categoria abaixo (57kg), dominada, no país, por Catherine Beauchemin-Pinard, nona do mundo e vice-campeã do Pan de Toronto.
Penalber se supera e sobe ao pódio
Victor Penalber é um dos atletas mais talentosos de sua geração. Desde garoto, é aposta do judô brasileiro para substituir Leandro Guilheiro, o santista dono de duas medalhas olímpicas. Até esta segunda-feira, porém, os resultados em grandes eventos não haviam aparecido. Mas Penalber ganhou a medalha de bronze dos Jogos Pan-Americanos após vencer por ippon o porto-riquenho Gadiel Miranda. Uma superação.
Hoje sexto colocado do ranking mundial, ele perdeu na semifinal para o cubano Ivan Morales, número 40 da lista. A derrota foi surpreendente e o abalou. Ele não tinha vindo para o Canadá para ser derrota. Tinha, então, menos de três horas para se reerguer.
"A gente vem sonhando com o ouro. Mas o judô ensina a levantar. E eu disse que ia levantar e lutar de novo. Tem que valorizar o bronze. Nem todo mundo tem medalha de Pan. Isso é legal. Saio com gostinho de quero mais. Vou beijar essa medalha e comemorar. Mas assim que chegar em casa, vou refazer o sonho para o ouro', contou Penalber após a vitória.
Maria Portela e a garra da segunda medalha
Na categoria até 70kg, Maria Portela tinha uma tarefa difícil. Com duas atletas de ponta, a atual campeã mundial Yuri Alvear, da Colômbia, e a número 4 do mundo Kelita Zupancic, do Canadá, a chave dos médios feminino era uma das mais disputadas do Pan de Toronto.
A gaúcha, porém, repetiu o desempenho de 2011, no Pan de Guadalajara, e conquistou a medalha de bronze. Após vencer na estreia, nos últimos segundos, a venezuelana Elvismar Rodriguez, acabou derrotada na semifinal por Zupancic. "Eu fico triste por ela. Ela tinha de estar naquela final. Poderia ter ganho", elogiou a técnica Rosicléia Campos, às lágrimas.
Na luta pelo bronze, ela bateu a mexicana Andrea Poo. "Tenho muito pela frente. Penso em Olimpíada e medalha. Lutar em casa faz diferença e eu sonho com isso", disse Portela após garantir mais um pódio para o Brasil.