Joia brasileira de 15 anos leva bronze na ginástica e encanta até rivais

Fabio Aleixo

Do UOL, em Toronto (Canadá)

Principal nome da nova safra de ginastas brasileiras, Flávia Saraiva encantou o público no Coliseu de Toronto na noite desta segunda-feira e saiu da final do individual geral com a medalha de bronze, sua segunda nesta edição do Pan - havia levado também o bronze por equipes no domingo.

A ginasta que tem somente 15 anos e 1,33m arrancou aplausos entusiasmados e gritos da torcida que encheu o ginásio. Até mesmo quando cometeu um erro na trave e quase caiu, palmas vieram das arquibancadas. No solo, foi incentivada durante todo o tempo. Ao cometer o equívoco na trave, Flávia mostrou sua inocência ao conversar com o técnico. "Ai que raiva", soltou a ginasta.

Flavinha, como é conhecida, totalizou 57,050 pontos após sua passagem pelos quatro aparelhos (barras assimétricas, salto, trave e solo). Ela ficou atrás da canadense Ellie Black, que marcou 58.150 pontos, e da americana Madison Desch, que atingiu 57,450.

O carisma demonstrado por Flávia contagiou não apenas os torcedores como também suas adversárias na disputa pela medalha.

"É a primeira vez que vejo ela. E ela é um docinho e uma grande ginasta que tem tudo para crescer ainda mais", afirmou Madison, medalhista de prata.

"O fato de ser pequena ajuda muito na ginástica nesta questão de carisma. E a Flávia é mesmo uma ginasta especial, que só tem a crescer. Havia competido com ela na Copa do Mundo de São Paulo (em maio) e a conhecia de lá", disse Ailen Valente, 12ª colocada na prova desta segunda-feira,

"Ela é uma ginasta que transmite muito carisma e alegria para o público. Está sempre sorrindo. Tem de seguir competindo leve desta maneira e não ter pressão em suas costas", disse a mexicana Ana Lago.

E Flávia sabe que por seu pouco tamanho e idade consegue mesmo ter uma postura cativante com o público e com os árbitros.

"Eu me considero muito carismática. E sou feliz e por isso as coisas são certo. Me sinto mais feliz sorrindo, gosto de competir sorrindo, isso me deixa tranquilo. Todas as outras ginastas têm carinho por mim", disse a jovem.

Esta medalha ganha por Flávia foi a primeira do Brasil na prova individual geral feminina desde o Pan de 2003, quando Daniele Hypolito também ficou com o bronze em Santo Domingo. Nesta segunda-feira, a veterana de 30 anos também esteve na final e terminou no 5º posto.

Flávia é tratada como uma joia pelo Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) e pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB) e fez a sua primeira aparição em uma competição poliesportiva entre os adultos. Mas ela já tem em seu currículo três medalhas nos Jogos Olímpicos da Juventude de 2014, em Nanjing (CHN), quando levou um ouro e duas pratas.

Dos quatro aparelhos na final, Flávia só deixou a desejar um pouco nas barras assimétricas, quando tirou a nota 13,800. Em todas os demais, teve um desempenho muito bom e encerrou em alto estilo no solo. 

"Quem tem carisma tem, já nasce com isso. E em um esporte como a ginástica que depende da avaliação dos juízes isso é muito importante. E não foi só aqui que ela contagiou o público. Em todos os lugares que vamos, ela é sempre muito aplaudida e querida", disse Georgette Vidor, chefe da equipe feminina.

"Ginástica artística é espetáculo. Tem de ter carisma. Isso ajuda a tirar nota. Hoje ela competiu como se estivesse no Brasil e isso ajudou muito no resultado final", disse o técnico Alexandre Carvalho.

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