Luciano Correa diz que não poda Joanna Maranhão de expor posicionamentos
José Ricardo Leite
Do UOL, em Toronto (Canadá)
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Reprodução/Instagram
Joanna Maranhão e Luciano Correa namoram e competem juntos no Pan de Toronto
Peso de aproximadamente 100 kg, 1,90 m de altura e atleta de alto rendimento nas artes marciais. No currículo, título mundial e pan-americano de judô, entre outros. Para quem não conhece e se baseia só nesses números, o brasiliense Luciano Corrêa tem tudo para ser aqueles com ar de carrancudo e que mete medo. Mas se engana quem crê nessa imagem.
O judoca que representa o Brasil nos Jogos Pan-Americanos é do tipo tranquilo, que fala calmamente. Não aparenta grande ansiedade. "É meu jeitão mesmo de ser. Sou um cara bem na paz mesmo, tranquilo", resume.
Seu jeitão pacato contrasta com o de sua namorada, Joanna Maranhão, que também está na competição de Toronto. A nadadora é conhecida pelo perfil "falastrão". Tem poucas papas na língua e faz recorrentes críticas ao que acha que está errado no país, desde falta de apoio no esporte, estrutura e até política. Costuma usar as redes sociais.
Recentemente, disse que não representaria o país de pessoas como os deputados Eduardo Cunha e Marco Feliciano e criticou pessoas que classificava como homofobicas no Facebook. O lutador, no entanto, diz que os jeitos diferentes equilibram o relacionamento e evita "podar" a companheira de emitir suas opiniões. Não lhe incomoda que Joanna se expresse, mas apenas a conduta ruim de outras pessoas em redes sociais.
"Se ela tem a vontade de se posicionar, tem que se posicionar sim. O que fica à tona é a agressividade do pessoal. Temos que respeitar a opinião de todo mundo. Eu respeito ela, e hoje o Brasil está um pouco assim. E temos que respeitar todas opiniões", falou o lutador.
"Ela se posiciona mais, é aquela coisa de opostos que se atraem. Mas isso é bom. Tem momentos que você tem que se posicionar, outros que tem que pensar. Então nós nos equilibramos e ajudamos um ao outro. É muito bom. Ela me ajuda bastante."
Curiosamente, o casal competirá no mesmo dia, na próxima terça, no Pan, e será difícil um estar na arquibancada torcendo pelo outro. "Estaremos um torcendo pelo outro na cabeça".
Atual campeão
Luciano é o atual campeão dos Jogos Pan-Americanos, com medalha de ouro obtida na edição de 2011, em Guadalajara, no México. Agora, tenta manter a posição no pódio.
Diz que sabe da pressão e expectativa que carrega pela medalha, mas isso não incomoda. "O judô como um todo é um esporte ganhador, e vejo como um fator positivo, é uma modalidade que sempre deu resultado."
Se diz ainda melhor do que a versão que foi campeão mundial em 2007, e não falta confiança. "Aquele Luciano de lá é hoje mais maduro, experiente. Já participei de dois Jogos Olímpicos, mais Mundiais e melhorei nos treinamentos. Cada vez mais evoluímos pra ter bons resultados, como nos Jogos Pan-Americanos", prosseguiu.
"Fizemos várias viagens, intercâmbios e treinamos três semanas com a seleção japonesa lá no Japão. Acho que está todo mundo bem preparado e foquei nos meus pontos fracos pra melhorar."