Comandado por "melhor do mundo", Brasil, enfim, bate o Canadá

Bruno Doro

Do UOL, em Toronto (Canadá)

Felipe Perrone não é fã do rótulo de melhor do mundo. Para ele, ser eleito o melhor jogador da Liga dos Campeões de polo aquático, o principal torneio de clubes da modalidade, como aconteceu nesta temporada, não serve para tanto. Para quem assistiu à estreia da seleção masculina do Brasil no Pan-Americano de Toronto, porém, ele merece, sim, o título.

Gritando com todos, orientando a cada jogada e, principalmente, marcando mais gols do que seus companheiros, Perrone liderou o Brasil nos 11 a 9 sobre o Canadá. Não é a estreia de Perrone com a touca brasileira, mas é o primeiro evento em que ele sente o que é a torcida brasileira: a piscina do Markhan Centre, em Toronto, recebeu um bom público, incluindo um grupo de 20 atletas brasileiros, que veio da Vila Pan-Americana para torcer - as campeãs mundiais da vela, Martine Grael e Kahena Kunze, estavam por lá.

Na piscina, o que esses torcedores-atletas viram foi um time muito forte na defesa e consciente no ataque, que controlou o placar contra os fortes canadenses. No início do ano, no pré-Mundial, disputado nessa mesma piscina, o Canadá bateu o Brasil na decisão. Agora, as coisas foram diferentes.

Esse Brasil do Pan tem dois reforços de peso. O croata Josip Vrlic e o cubano Ives Gonzales, ambos naturalizados nesse ano. O time poderia ter outro reforço, mas o goleiro sérvio Slobodan Soro ainda cumpre a quarentena esportiva, exigida para quem quer mudar de nacionalidade.

Perrone, que por mais de dez anos defendeu a Espanha, é o centro do ataque brasileiro. Todas as bolas passam por ele. E ele é o que mais arrisca ao gol. Contra o Canadá, foram três gols em nove chutes. Quem mais chutou depois de Perrone foi Josip Vrilic. Arriscou apenas quatro vezes. "Isso é normal. Eu joguei os quatro períodos e, no fim, com a responsabilidade de controlar o tempo, a bola acabava ficando na mão dos mais experientes", disse o jogador.

"Perrone é importantíssimo, Ele é um dos melhores jogadores do mundo. E não só por isso. Com ele na água, temos mais um treinador. O time é muito mais organizado com ele. Ele contribui com a defesa, com o ataque, é um fator em todas as fases do jogo", elogiou o croata Radko Rudic, técnico do Brasil.

No mês passado, o time brasileiro, treinado pelo tetracampeão olímpico Rudic, já tinha mostrado força. Conseguiu o terceiro lugar na Liga Mundial, feito inédito. Com direito a vitória sobre a Croácia, atual campeã mundial, na estreia. "Estão nos olhando de maneira diferente. Vendo o projeto do Brasil e admitindo que estamos no caminho certo", completou Perrone.

Agora, o Brasil enfrenta a Venezuela, nesta quarta-feira, às 21h (de Brasília).

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