Nadadora vai para o Pan e desabafa contra Eduardo Cunha e cia
Do UOL, em São Paulo
A manobra feita pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, para que a Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que reduz a maioridade penal de 18 para 16 anos para crimes hediondos, homicídio doloso e lesão corporal seguida de morte, fosse aprovada irritou a nadadora Joanna Maranhão. Antes de virar lei, o texto precisa ser aprovado novamente pela casa e em mais dois turnos no Senado Federal.
"Hoje acordei para trabalhar, para treinar, porque o Pan-Americano está chegando aí e estou indo representar o Brasil pela quarta vez. Mas não consigo simplesmente dissociar a representatividade de eu estar vestindo a camisa e a bandeira do Brasil em um evento da América e a política do meu país – acho que são coisas entrelaçadas. Já é a segunda vez que amanheço e tomo conhecimento dessas manobras criminosas que Eduardo Cunha tem feito no Congresso, e sinto um desgosto muito grande", iniciou Joanna, em um vídeo postado em seu Facebook.
No dia 30 de junho, a PEC foi para votação na Câmara dos Deputados, mas não obteve os 308 votos suficientes para que fosse aprovada. Com a ajuda da oposição, Eduardo Cunha colocou em pauta, um dia depois, uma emenda aglutinativa sobre o mesmo tema, contendo apenas algumas mudanças em relação à proposta rejeita. Dessa vez, no entanto, 323 parlamentares votaram a favor e a emenda acabou aprovada.
Classificada para os Jogos Pan-Americanos de Toronto, no Canadá, Joanna afirmou que não se sente representadas por políticos que votaram "sim" para a PEC, citando os deputados Jair Bolsonaro, Marcos Feliciano e Eduardo Cunha, e o pastor Silas Malafaia.
"Não são vocês que eu estou representando. A torcida de vocês não faço questão nenhuma de ter. Eduardo Cunha, Daniel Coelho, do pessoal da bancada de Pernambuco que votou a favor (da redução da maioridade penal). É pelas outras pessoas. Que saiam de si e do próprio interesse para tratar os verdadeiros problemas. Eu vou fazer um novo vídeo daqui a uns 10, 15 anos para perguntar para vocês se a medida de hoje, da redução da maioridade penal, resolveu alguma coisa. Eu tenho certeza que não".
Depois de revelar em 2008 ter sido abusada sexualmente por seu ex-treinador quando era criança, Joanna Maranhão fundou a ONG Infância Livre, que visa combater o crime.
"Gostaria que nossos problemas fossem resolvidos na raiz. Criei uma ONG que acho que teria muita adesão se tivesse criado uma gangue pra espancar pedófilo. Porque aí as pessoas iam falar 'ah, que legal, tem que espancar mesmo'. Mas como eu montei uma ONG para se prevenir dos pedófilos e tratar dos próprios pedófilos, entender que tem outro caminho para erradicar esse problema, como a minha proposta demanda muito mais tempo, a adesão é pequena".
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