Liga Mundial e Pan viram laboratório para Bernardinho definir time de 2016
Bruno Doro e Guilherme Costa
Do UOL, em São Paulo e no Rio de Janeiro
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Irek Dorozanski/Reuters
A pouco mais de um ano para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, Bernardinho e sua comissão técnica já sabem quem vai vestir a camisa amarela para defender o Brasil no torneio masculino de vôlei. Bruninho será o levantador. Lucão e Sidão estarão no meio. Nas pontas, vão de Lucarelli e Murilo. Os opostos Wallace e Vissotto serão usados dependendo do rival. O líbero será Escadinha. Se as costas aguentarem – se não, Mario Júnior já terá deixado, em 2016, as suspensões para trás.
A temporada 2015 da seleção brasileira, porém, não será um mero treinamento para o vôlei brasileiro. Por mais que 80% do grupo que vai para as Olimpíadas esteja definido, existem vagas abertas. E é aí que a fase preliminar da Liga Mundial, que começa nesta sexta-feira em Belo Horizonte com Brasil x Sérvia (às 14h, no Mineirinho), e os Jogos Pan-Americanos, em julho, ganham importância: serão nesses jogos, aparentemente de interesse menor, em que as últimas três vagas no Rio-2016 serão definidas.
FIVB Divulgação Acho até que o Bernardo vai fazer uma mescla. Não que o Pan não seja importante, mas a gente precisa se adaptar ao ambiente dos Jogos Olímpicos do ano que vem. O Brasil fez muita força para sediar as finais, e para a gente é importante ter contato com esse cenário e com a pressão. Vai ser uma prévia que tem vaga garantida em 2016
Olhe a situação dos ponteiros. Murilo e Lucarelli são os titulares. Mas a reserva da dupla (que deve ser muito necessária, já que Murilo ainda sofre após as operações no ombro) ainda não está definida. A comissão técnica, por exemplo, gosta do potencial de passe de Maurício Borges, do Sesi. Por isso, ele será testado no início da Liga Mundial. Já Lucas Loh, do Zaksa Kedzierzyn-Kozle (POL), é hoje o favorito à quarta vaga. Aos 24 anos, Loh deve ser testado principalmente no Pan, como protagonista do time. Uma estratégia muito parecida com a usada com Wallace em 2011.
"Precisamos testar e dar rodagem de jogo. Isso não acontece, por exemplo, com quem é o quarto reserva. Por isso, o Pan é importante: vamos usar o torneio para dar tempo de quadra para jogadores de potencial, em que acreditamos, mas que não teriam oportunidades grandes na seleção principal", diz Rubinho, auxiliar de Bernardinho na equipe principal e técnico da seleção que vai ao Pan de Toronto. "Foi isso que fizemos com o Wallace em 2011 e deu certo. Ele mostrou que podia ser protagonista no Pan e, nas Olimpíadas de 2012, terminou como titular", completa.
Kacper Pempel /Reuters Eu cresci muito desde 2012. Aprendi muita coisa com o pessoal, e esse é um ciclo natural. Vou captando todas as coisas boas e venho crescendo. Fico feliz por isso sobre a evolução como titular da seleção
O mesmo vale para o oposto Renan. Com 2,17m, ele é o jogador mais alta do grupo brasileiro. Mas esbarra em dois titulares já consolidados em sua posição: Wallace e o também gigante Leandro Vissotto (que tem 2,12m). Mas, por causa do tamanho, vai ao Pan para tentar colocar uma pulga atrás da orelha de Bernardinho. O motivo é simples: seu tamanho é um atrativo para uma seleção que precisa de altura, principalmente quando Wallace (1,98m), Murilo (1,90m) e Lucarelli (1,95m) estão em quadra.
No meio-de-rede, as coisas estão um pouco mais definidas. Lucão e Sidão estão consolidados e Éder é o favorito para a terceira vaga – mas Isaac e Riad correm por fora pelo lugar. Até mesmo Renan, o oposto, pelo tamanho, pode aparecer. Já entre os líberos, a situação parece clara. Escadinha foi chamado para voltar a dar um espírito vencedor ao time: ele é o único dos convocados que já foi campeão olímpico. A volta teve, inclusive, um pedido de Bernardinho para que o jogador abandonasse a aposentadoria. Ao lado de Mário Júnior, os dois devem formar a dupla da posição até 2016.