Campeã mundial, Roseli Feitosa (e) é derrotada na semifinal do boxe feminino
27/10/2011 - 14h05
Bronze sem vitória de brasileira escancara amadorismo dos Jogos Pan-Americanos
Do UOL Esporte Em Guadalajara (México)
Para ganhar uma medalha nos Jogos Pan-Americanos de Guadalajara, a pugilista brasileira Roseli Feitosa precisou apenas entrar no ringue. Ela não venceu nenhum combate, mas vai voltar para casa com uma medalha de bronze no peito.
A situação insólita é o exemplo mais claro do baixo nível técnico dos Jogos Pan-Americanos. Em algumas modalidades, como boxe ou taekwondo, basta vencer uma ou duas lutas para subir ao pódio. Em outras, como natação, a fase eliminatória não elimina ninguém.
O caso de Roseli é emblemático. A categoria que ela disputou no Pan, até 75 kg do boxe feminino, tinha apenas sete atletas inscritas. Um sorteio definiu a ordem dos combates, e a brasileira ficou sem adversária na primeira rodada. Resultado: vaga direta nas semifinais.
Como o boxe não tem disputa do terceiro lugar, Roseli já tinha assegurado pelo menos o bronze. E foi o que aconteceu. Ela perdeu a luta para a dominicana Yenebier Guillen Benetiz e vai subir ao pódio mesmo sem ter vencido.
Nas outras duas categorias do boxe feminino aconteceu a mesma coisa. A pugilista que entrou diretamente na semifinal perdeu a sua luta e ganhou o bronze. No masculino, foi ainda pior. Com apenas seis participantes, a categoria até 81 kg premiou dois boxeadores sem vitória com o bronze.
No taekwondo, ninguém ganhou medalha de graça. Mas subir ao pódio não era tão difícil assim. Com uma ou duas vitórias pelo menos o bronze seria garantido. Marcio Wenceslau levou o bronze para casa tendo vencido apenas um combate. Natalia Falavigna teria conseguido a mesma coisa se tivesse superado a sua rival da estreia.
Em outras modalidades, o número restrito de participantes proporciona fases eliminatórias que não servem para quase nada. No vôlei, das oito seleções, seis se classificaram para a segunda fase.
Nos saltos ornamentais, o primeiro dia de disputa teve uma eliminatória que cortou apenas uma das 13 atletas participantes. Na esgrima, foram dois eliminados entre 18 competidores. Na canoagem, a eliminatória do K1 500 m tinha quatro participantes: uma foi desclassificada e as outras três avançaram.
Mas a situação pode piorar. Na prova de revezamento 4x100 m livre da natação, a eliminatória não eliminou ninguém. As oito equipes se classificaram para a final. A fase preliminar serviu apenas para definir as raias da decisão.
A ginástica de trampolim viveu uma situação parecida. Tanto no masculino quanto no feminino, o primeiro dia de disputa serviu apenas de treino de luxo. Afinal, os oito participantes já estavam classificados para a final. Momento típico do Pan.