Alexandre Saldanha mostra a camisa amarela que virou seu amuleto no Pan de Guadalajara
Superstições acompanham muitos atletas, mas o quarteto brasileiro da classe J-24 alcança níveis profundos. Uma sunga velha, meias sujas, camisa amarela, o mesmo café... Dois dos integrantes responsáveis pela medalha de ouro obtida no último domingo, em Puerto Vallarta, Alexandre Saldanha e Daniel Santiago têm uma lista imensa de rituais que precisam cumprir.
“Eu uso a mesma sunga dos últimos três Mundiais. É uma preta que está acabada, mas não tem jeito. Durante as competições, lavo a sunga todo dia no banho para poder usar no dia seguinte”, contou Daniel.
A lista não para por aí. “Também velejo com a mesma bota desde o Mundial da Austrália [realizado em 2006]. Ela está bem velha”, admitiu o velejador capixaba de 33 anos.
Alexandre Saldanha não fica muito atrás. O neto do técnico João Saldanha, que montou a seleção brasileira de futebol tricampeã em 1970 faz questão de sempre levar uma camiseta amarela consigo para o barco. No Pan do México, não foi diferente. Ele carregou o uniforme de viagem que o COB [Comitê Olímpico Brasileiro] forneceu. “O amarelo não pode faltar.”
Mais que isso, ele teve dificuldades de se desprender da meia que usou desde a primeira vitória nas regatas do Pan. “Tinha uma meia nova, mas aí vi a que estava molhada, suja e que tinha dado sorte. Não teve jeito, fui na velha que já tinha vencido”, divertiu-se Alexandre.
Para aumentar ainda mais tais “obrigações”, Daniel e Alexandre dividem quarto durante os campeonatos. Resultado: novos rituais diários se juntam às superstições já existentes e eles ficam até sobrecarregados.
“Como dividimos quarto, vamos criando novas superstições ao longo da competição. Aqui, por exemplo, sempre tomávamos um café logo depois de acordar, antes de tudo”, diz Daniel. “Sempre pedimos o mesmo tipo de café na loja”, emenda Alexandre.
O bom resultado na regata da medalha no domingo rendeu não “só” a medalha de ouro, mas também um alívio. Pelo menos até o próximo campeonato, eles estão livres das superstições, como resume Alexandre ao ser perguntado sobre o tema: “Estava difícil.”
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