Jaqueline chora ao conversar com a imprensa nesta terça em Guadalajara

Jaque revela perda rápida de sensibilidade dos membros, se emociona e agradece carinho

Jaqueline está em plena recuperação após sofrer uma concussão cerebral e fratura cervical em choque com a líbero Fabi durante a estreia do Brasil no Pan de Guadalajara. A ponteira foi submetida a novos exames e segue com o colar no pescoço. Nesta terça-feira, a jogadora de vôlei conversou com a imprensa, se emocionou e agradeceu o carinho: “não sabia que era tão querida”. Ela revelou ainda que logo após bater cabeça com a companheira não conseguiu sentir os membros superiores e inferiores.

O lance ocorreu no início do segundo set da vitória do Brasil sobre a República Dominicana na estreia do time no Pan. Jaqueline tentou salvar uma bola e bateu cabeça com Fabi. Ela ficou caída e sem se mexer por alguns minutos. Foi retirada de maca e encaminhada imediatamente ao hospital. “Na hora do choque senti algo que nunca tinha sentido na vida. Meu corpo estava dormente e me desesperei porque vi as pessoas preocupadas. Não conseguia sentir meus braços e minhas pernas, mas logo voltou. Com todo o trabalho que foi feito, deu tudo certo. Não me faltou nada e só queria passar para minha família que está tudo bem”, disse a ponteira.

Jaqueline recebeu a imprensa no hospital em que recebeu o atendimento. E durante os 16 minutos de entrevista coletiva, a ponteira se emocionou. Ela foi às lágrimas em dois momentos e estava com a voz embargada. Fez questão de agradecer todo o carinho que recebeu. “Não é fácil passar por tudo o que estou passando. Queria agradecer a todos que estão aqui e no Brasil. Não sabia que era tão querida. Estou muito feliz, apesar de tudo o que estou passando”.

A ponteira terá que permanecer com o colar cervical de quatro a seis semanas, em repouso e sem realizar atividades físicas. “O colar é o remédio dela. Tem que usar para o ligamento cicatrizar direitinho e para que a recuperação se dê por completo”, explicou o médico da seleção brasileira Julio Nardelli. Ele disse ainda que não há um prazo fixo de recuperação, mas acredita em um retorno às quadras ainda neste ano. A presença dela na Copa do Mundo está praticamente descartada.

Mesmo assim, o técnico José Roberto Guimarães ainda aguarda a evolução da recuperação. “O Zé não desiste fácil das coisas. Até o último momento ele vai tentar. Em nenhum momento ele desistiu de mim e sempre esteve comigo. Quando ele fala isso é porque tem confiança em mim. E eu vou voltar muito mais forte”, afirmou Jaqueline. Descartada do Pan por causa da lesão, a ponteira já pode voltar para o Brasil. O COB (Comitê Olímpico Brasileiro) estava com dificuldade para encontrar um voo para encaixá-la, mas conseguiu ainda para esta terça-feira - ela desembarca no Brasil na quarta.

Preocupação com a mãe

Enquanto permanece longe da família, Jaqueline tenta ao máximo tranquilizar a mãe Joseane – foco de maior preocupação da ponteira. Ainda na maca, a atleta pedia para os médicos ligarem para a mãe. “Ela era a minha maior preocupação. Porque o Murilo [marido e também jogador de vôlei] é tranquilo. Eles ligaram, mas eu só fiquei mais tranquila quando falei com ela”, contou.