UOL Pan 2011 Após quase dois anos parada, Falavigna deixa o Pan sem acertar nenhum golpe - 18/10/2011 - UOL Pan 2011
Natália Falavigna (de vermelho) perdeu para a norte-americana Lauren Hamon

Natália Falavigna (de vermelho) perdeu para a norte-americana Lauren Hamon

18/10/2011 - 15h27

Após quase dois anos parada, Falavigna deixa o Pan sem acertar nenhum golpe

Bruno Doro
Em Guadalajara (México)

No fim de janeiro de 2010, Natália Falavigna disputou sua última competição. Nesta terça-feira, mais de um ano e meio depois, ela voltou a lutar. O resultado não foi dos melhores – e nem mesmo a lutadora esperava algo diferente. Sem acertar nenhum golpe, ela foi eliminada pela norte-americana Lauren Hamon nas quartas de final da categoria +67 kg do Pan de Guadalajara.

O combate foi chato, sem muita movimentação ou troca de golpes. Natália, claramente sentindo falta de ritmo pelos 21 meses sem competir, não conseguiu encontrar distância, velocidade ou intensidade para dar os golpes. A luta ficou no 0 a 0 até o terceiro período, quando Hamon abriu 1 a 0. Logo em seguida, a norte-americana levou uma punição e o combate ficou empatado.

"NO DESEMPATE, VOCÊ FAZ UM TEATRO PARA TENTAR ENGANAR OS JUÍZES"

  • Divulgação Vipcomm

    O que deu errado na derrota?

    Eu senti tempo de luta, velocidade, senti problemas principalmente no contato. Quando o atleta não é técnico, incomoda. Ela chutava muito as pernas, mas nada disso é justificativa, eu poderia ter lutado melhor. Mas também entendo o momento em que me encontro. Agora vou olhar para trás e ver onde errei e voltar a trabalhar.

    O que pode melhorar?

    São alguns detalhes. Mas principalmente o fato de pisar em uma competição oficial. É diferente. Estou há dois anos sem lutar, há dois anos sem pisar em um local de competição. Mas agora vou treinar um pouco mais, tenho um pouco mais de tempo. Tenho mais quatro semanas até o Pré-Olímpico e, nesse tempo, já pego esse detalhezinho do tempo.

    Quando a luta terminou, você comemorou muito. Achou que tivesse vencido?

    Eu achei que deveria ter atacado mais, mas não achava a distância. Naquela hora, você tenta enganar os árbitros. Tenta fazer um teatro. Não é mentir, mas tentar mostrar que você venceu. Como você não pode se comunicar com o árbitro, faz algum tipo de gesto, de movimento, para mostrar para ele o problema ou sua opinião. Se a atleta está chutando muito baixo, você não pode falar, tem de cair. Mas no Golden Point ela atacou mais, tentou chutes altos e isso é o que os juízes usam para desempatar.

    Você voltou de lesão há quanto tempo?

    Estou treinando há dois meses e meio, mas não tinha lutado ainda. E lutar é diferente. Havia carga grande emocional, pelo tempo em que fiquei parado. Mas é só isso. Entrei ali, coloquei o colete e lutei. E passou. Se o campeonato voltasse agora, as coisas seriam diferentes. O atleta é acostumado a uma rotina e com dois anos parado, desaprende. Eu estou há dois anos sem essa rotina. Não sei mais o que gosto de fazer, como gosto de aquecer, quanto tempo antes preciso começar. Tudo isso eu preciso reaprender. E ainda tem o colete eletrônico. É a primeira vez que luto com ele. São pequenos detalhes.

No golden point, em que o primeiro a pontuar seria o vencedor da luta, nem Natália, nem Lauren acertaram nada. Os juízes, então, deram a vitória para a norte-americana, que, se não fez um combate brilhante, pelo menos acertou um golpe.

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“É muito difícil voltar a lutar após tanto tempo parado. Não estou com nenhum problema físico, nenhuma limitação de movimento. Mas está faltando o ritmo de luta. Eu nunca tinha lutado com esses coletes eletrônicos, não lembrava nem mesmo como era o aquecimento que eu gostava”, conta a atleta.

As duas já tinham se enfrentado antes, no Pan do Rio de Janeiro, em 2007, mas com um resultado diferente. Na época em grande forma, a brasileira venceu e chegou à medalha de prata. “Ela não é uma atleta técnica. Faz os golpes mais lentos. E eu tive dificuldade para acertar esse tempo. Enfim, acho que, se a competição voltasse agora, sem essa pressão de ser a primeira vez, as coisas teriam sido diferentes”.

Nos últimos 21 meses, Natália lutou contra o corpo. No fim de janeiro, sofreu uma lesão e fez sua primeira cirurgia. Na longa recuperação, voltou a sentir dores e foi para a mesa de operação, reconstruir ligamentos no joelho direito. Com isso, não foi a Pré-Olímpico de Bakul, no Azerbaijão, em julho, e quase ficou de fora do Pan.

O taekwondo brasileiro encerra a sua participação no Pan com apenas um bronze, conquistado por Márcio Wenceslau na categoria até 58kg. No Rio de Janeiro, em 2007, a equipe do Brasil teve um desempenho melhor e terminou a competição com um ouro, duas pratas e um bronze.

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Brasileiros no quarto dia do Pan de Guadalajara
Brasileiros no quarto dia do Pan de Guadalajara

Medalhas

  • País
    Ouro
    Prata
    Bronze
    Total
    EUA 92 79 65 236
    CUB 58 35 43 136
    BRA 48 35 58 141

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