UOL Pan 2011 Massacre de Realengo e violência no país fazem atiradores do Pan reclamarem de preconceito - 21/09/2011 - UOL Pan 2011
  • http://pan.uol.com.br/2011/ultimas-noticias/2011/09/21/massacre-de-realengo-faz-atiradores-do-pan-reclamarem-de-bulliyng.htm
  • Massacre de Realengo e violência no país fazem atiradores do Pan reclamarem de preconceito
  • 24/04/2024
  • UOL Esporte - Pan 2011
  • Pan 2011
  • @UOLEsporte #UOL
  • 2
Tamanho da letra
Atletas de tiro lutam para afastar a imagem do esporte da violência

Atletas de tiro lutam para afastar a imagem do esporte da violência

21/09/2011 - 07h01

Massacre de Realengo e violência no país fazem atiradores do Pan reclamarem de preconceito

Do UOL Esporte*
Em São Paulo

O massacre de Realengo complicou, e muito, a vida dos atiradores brasileiros que vão para o Pan de Guadalajara. Não bastasse a eterna luta por patrocínio, os praticantes de tiro sentiram aumentar o bullying contra o esporte que escolheram.

“O Brasil tem preconceito contra o tiro. Uma coisa que deixou muito claro isso foi o caso daquele marginal que entrou na escola e matou as crianças. Como ele foi tratado? Atirador de Realengo. Mas ele não era atirador. Ele era maníaco, assassino”, reclama o gaúcho Bruno Heck, que vai ao Pan para disputar três provas de carabina.

TIRO ESPORTIVO X PRECONCEITO

"Falta conhecimento em relação ao esporte. Não tem nada a ver com violência, nada a ver com bang-bang"

Stênio Yamamoto

"É um esporte que sofre muito preconceito, por ter tiro, por ter arma. O pessoal tem muito receio de patrocinar"

Karla de Bona

O problema é ainda maior quando alguém busca apoiadores para se manter do esporte. “Ninguém patrocina tiro. Atirador no Brasil é o cara que atira em criancinha. Não é esporte. Se você chegar pra qualquer instituição dizendo que é atirador, vão perguntar: ‘você mata criancinha?’ Ninguém quer ligar sua empresa ao tiro”, desabafa Wilson Zocolote Júnior, das provas de skeet.

Nesse cenário, não é difícil achar atiradores reclamando da falta de dinheiro. Um caso emblemático é o do dentista Stênio Yamamoto, que disputou as Olimpíadas de Pequim-2008 e vai para seu terceiro Pan em 2011.

“Dependo do meu trabalho, sou a principal fonte de renda da minha casa. Quando vou competir, fico fora do consultório e as contas do mês não fecham. Se fico fora 10 dias, o orçamento de dois ou três meses fica comprometido. Ninguém paga esse prejuízo”, conta.

 

CIVIS X MILITARES

"Herói mesmo é o Stênio, que abdica das horas livres para treinar. Para mim é fácil, o expediente é no estande de tiro"

Ana Ferrão

"Para os Jogos Mundiais tivemos um salto na qualidade do tiro. As forças armadas deram um apoio muito grande em equipamento e munição"

Bruno Heck

Quem acaba se beneficiando com isso são os atiradores militares. Da equipe que vai ao Pan, dez deles são membros das Forças Armadas e, com isso, tem acesso facilitado a instalações para treinamento e munição. É o caso de Ana Luiza Ferrão, que já está classificada para as Olimpíadas de Londres-2012.

“Eu participo de competições militares e tenho mais tempo de treino e mais apoio com munição. Com os Jogos Mundiais Militares no Rio, tive ainda mais apoio para treinar. Quem é civil não tem como deixar o seu trabalho durante tanto tempo pra se dedicar. Herói mesmo é o Stênio, que abdica das horas livres para treinar. Para mim é fácil, o expediente é no estande de tiro”, analisa a major do Exército.

As facilidades militares acabam gerando inveja nos civis. “Para eles é muito mais fácil comprar material. Um cano de fuzil resiste a uns 5mil tiros. No Exército, usam o equipamento em seis meses. Para nós, o cano custa US$ 400 no exterior e, para trazer para o Brasil, é um processo burocrático lento e muito difícil. Fica tudo mais caro. Com munição acontece a mesma coisa. Tem de importar da Europa e só podemos trazer cinco quilos”, diz Bruno Heck.

ENTENDA O MASSACRE DO REALENGO

Folhapress

Em 7 de abril, por volta de 8h30, Wellington Menezes de Oliveira entrou na escola Tasso da Silveira, em Realengo, dizendo que iria apresentar uma palestra. Já em uma sala de aula, o jovem de 23 anos sacou a arma e começou a atirar contra os estudantes. Wellington deixou uma carta com teor religioso, na qual orientava como queria ser enterrado.

O ataque, sem precedentes na história do Brasil, foi interrompido após um sargento da polícia balear Wellington na perna. De acordo com a polícia, o atirador se suicidou com um tiro na cabeça após ser atingido. Wellington portava duas armas e um cinturão com muita munição. Doze estudantes morreram - dez meninas e dois meninos - e outros 12 ficaram feridos no ataque.

* Com reportagem de Júlio Delmanto

Medalhas

  • País
    Ouro
    Prata
    Bronze
    Total
    EUA 92 79 65 236
    CUB 58 35 43 136
    BRA 48 35 58 141

Atletas Brasileiros

  • Veja o perfil dos atletas brasileiros